José Lopes da Silva, Presidente da Associação dos Produtores Rurais de Irani, é jovem, entre 30 e 35 anos, está longe de parecer um ativista do MST. Fala manso, educado e se propõe a conversar com todos. Para ele “a guerra está no estágio jurídico”, mas; “preparem os rabecões se resolverem nos tirar daqui”.
Ciente, desde esta segunda-feira (16/09) que o Juiz Pablo Enrique Carneiro Baldivieso, Juiz Federal em Auxílio na Subseção Judiciária de Juazeiro, acatou pedido da CODEVASF - Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba e determinou reintegração na posse da área de reserva legal do Perímetro Irrigado Senador Nilo Coelho, localizada no município de Casa Nova, Bahia; José Lopes da Silva esteve na manhã de hoje na Câmara de Vereadores e começa os contatos com advogados para dar sequência à “guerra jurídica”.
“Serão mais de 300 famílias que não vão atender a esta ordem porque simplesmente não tem para onde ir” – diz – “Tudo que tínhamos antes destes sete anos que estamos aqui foi vendido e nos desfizemos, porque aqui, baseados em um acordo feito com a CODEVASF na época, está tudo o que construímos. Aqui era considerada uma área improdutiva, nós modificamos esta realidade”.
No mandato, Pablo Baldivieso, determina que a área “atualmente ocupada por ZOMINHO e membros do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST, bem como terceiros não identificados nominalmente”, seja devolvida à CODEVASF, que poderá “demolir as benfeitorias construídas no local reintegrado”.
Para garantir o mandato o Juiz detalha que o “mandado deverá ser cumprido por dois Oficiais de Justiça deste Juízo, acompanhados da autoridade policial federal”.
José Lopes se movimenta entre as associações e assentamentos existentes nos quase mil hectares alvo do mandato do Juiz, “deixando de lado as diferenças entre nós”, para que a “ação de resistência seja única e a gente não precise de camburões e lágrimas”.
Entendendo o caso
O Projeto Nilo Coelho está subordinado à 3ª Superintendência Regional – 3ª SR, sediada em Petrolina, Pernambuco, porém a parte que compõe o que é denominado “área de reserva legal” está em território baiano, dentro do município de Casa Nova.
Os pouco mais de mil hectares da reserva legal foram ocupados entre 2009 e 2012, prioritariamente por camponeses, trabalhadores rurais e militantes do MST vindos do outro lado do rio onde começava a ser implantado e desenvolvido o Projeto Salitre.
De acordo com as lideranças das duas associações e cinco assentamentos existentes na área, houve um acordo à época entre a CODEVASF e os camponeses que eles poderiam ocupar a área da reserva e que teriam garantido lotes e áreas dentro do novo Projeto Salitre.
Nem o Projeto Salitre foi inteiramente concluído, nem as terras foram devolvidas aos seus antigos ocupantes, que nestes anos ocuparam e produzem uma diversidade enorme de produtos, alguns deles certificados para exportação, tornando permanente uma ocupação que seria transitória.
Se houver rabecões a quem creditar a conta?
Por Manoel Leão
3 comentários
18 de Sep / 2019 às 14h08
Eu pergunto, qual a idéia da CODEVASF em tirar esse povo de lá, vai fazer o que de tão belo lá, vão se catar bolsonaristas. É aí que o povo de fato clama por Lula Livre, pois jamais seria um povo notificado por tal ação que nem esta sem que o governo Lula não apresentasse primeiro uma solução para tudo e para todos.
18 de Sep / 2019 às 23h00
Por trás desses invasores de terras tem gente grande, que depois compra as terras a preço de banana. Enquanto as terras estão invadidas botam o povo para trabalhar para eles. E esse povo vai para onde? Vai para onde veio. A terra é do Brasil, não do MST.
18 de Sep / 2019 às 23h03
Voltem de onde vieram. Ou vão para as fazendas dos vereadores e deputados petistas.