Bolsonaro dá entrada em hospital para passar por cirurgia neste domingo (8), procedimento cirúrgico deve durar três horas

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) deu entrada na noite deste sábado (7) no hospital Vila Nova Star, na zona sul de São Paulo, para a quarta cirurgia desde a facada que sofreu durante a campanha eleitoral. A cirurgia está programada para as 7h deste domingo (8).  

A cirurgia do presidente Jair Bolsonaro, para correção de uma hérnia incisional, é uma intervenção mais simples e deve durar até três horas. A informação é do médico André Luiz de Vasconcellos Macedo, o mesmo cirurgião que comandou as duas operações anteriores do presidente, para instalação e remoção da bolsa de colostomia que ele usou após sofrer uma facada, no dia 6 de setembro do ano passado, durante um ato de campanha eleitoral em Juiz de Fora (MG). 

"É um procedimento bem mais simples e eu calculo que deve durar entre duas ou três horas", disse Macedo à Agência Brasil. Segundo o médico, a cirurgia também fecha o ciclo de tratamento do presidente relacionado à facada. 

Bolsonaro volta à sala de cirurgia como consequência da facada que sofreu um ano atrás. Desta vez, será para corrigir uma hérnia que surgiu na região onde foram feitas três operações desde o atentado.

O procedimento é considerado de média complexidade. O prazo de recuperação é estimado em dez dias pelo médico Antonio Macedo, que fará a cirurgia.

O presidente quer estar com a saúde restabelecida a tempo de discursar na Assembleia Geral da ONU, em 24 de setembro, em Nova York. Ele falou que vai comparecer "nem que seja de cadeira de rodas, de maca".

O surgimento da chamada hérnia incisional já era esperado pelos médicos que atendem o presidente, em razão da série de intervenções feitas na região da barriga do paciente para tratar os danos provocados pelo ataque.

O então presidenciável foi esfaqueado por Adélio Bispo de Oliveira em 6 de setembro de 2018, durante um ato de campanha em Juiz de Fora (MG). O autor do crime está preso desde então.

A hérnia ocorreu porque, em virtude do enfraquecimento da parede muscular do abdômen, uma parte do intestino passou por uma cavidade desse tecido. As múltiplas incisões (cortes) na barriga fragilizaram o músculo, o que fez com que a porção do órgão e uma camada de gordura rompessem a membrana.

"Isso escapou por uma área mais frouxa e formou uma elevação sob a pele", explica Macedo. A saliência, segundo ele, foi detectada em consultas de rotina pelo médico da Presidência da República, Ricardo Peixoto Camarinha.

"Ele já tinha percebido esse problema e me passou uma foto mostrando a situação", diz o cirurgião do Vila Nova Star, que confirmou o diagnóstico em exame clínico feito no domingo passado (1º) no aeroporto de Congonhas, após Bolsonaro desembarcar para compromissos na capital paulista.

Ele recebeu a orientação de iniciar nesta sexta-feira (6) uma dieta líquida, como preparação para o procedimento a que será submetido.

Os médicos preveem que ele fique internado pelo menos até quarta (11). "Serão de quatro a cinco dias no hospital e depois um período igual sem poder fazer grande esforço físico", diz Macedo.

Se tudo correr como planejado, o mais provável é que ele tenha alta no meio da semana e seja liberado para voltar para Brasília com ordem de repouso. "Ele poderá manter atividades intelectuais, falar ao telefone, conversar com ministros. Desde que não se esforce em exagero", prescreve o cirurgião.

Macedo foi responsável por cuidar do político no hospital Albert Einstein nas duas internações anteriores: em 2018, logo após o paciente ser transferido da Santa Casa de Juiz de Fora, e neste ano, na cirurgia para retirar a bolsa de colostomia e reconstruir o trânsito intestinal.

Um dos mais respeitados cirurgiões do aparelho intestinal no Brasil, o especialista deixou o Einstein em julho e passou a atender na Rede D'Or São Luiz, da qual o Vila Nova Star faz parte.

Ao anunciar que passaria pelo procedimento, o chefe do Executivo postou em uma rede social uma foto ao lado dos médicos que o examinaram e afirmou que "curtiria dez dias de férias" com eles.

A hérnia em Bolsonaro está localizada no lado direito do abdômen, perto do lugar da facada e da área onde ficava a bolsa de colostomia (usada para coletar fezes até a cirurgia feita em janeiro).

Na intervenção, a porção que "escapou" será colocada de volta no lugar e a parede muscular será reforçada com uma tela, para evitar reincidência. O procedimento, considerado corriqueiro, é necessário porque, em alguns casos, a hérnia pode provocar obstruções.

De acordo com Macedo, a literatura médica mostra que a hérnia pode voltar em 3% a 6% dos casos, o que é tido como um percentual baixo. Se Bolsonaro tomar os cuidados recomendados, provavelmente o problema não se repetirá, na avaliação do médico.

Por até dois meses depois da operação, o presidente terá que usar uma cinta pós-cirúrgica, que auxilia na cicatrização e protege a região de esbarrões e outros acidentes. Nesse período, ele também está proibido de fazer esforço físico intenso.

A recuperação de Bolsonaro após o esfaqueamento e a sequência de cirurgias foi vista como bem-sucedida pela equipe que o atendeu. Ele possui "condição de atleta", diz Macedo, lembrando o período do paciente como membro do Exército.

"Tem musculatura forte. Corre, nada, mergulha. Isso tudo ele usou agora no trauma", afirma.

FolhaPress