Pesquisadores do Centro de Manejo de Fauna da Caatinga (Cemafauna), da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), estão investigando as possíveis causas de morte e desaparecimento de abelhas na região. A pesquisa foi motivada a partir de um inquérito, instaurado pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), após criadores de abelha e produtores de mel relatarem que houve uma diminuição na ocorrência da espécie Apis mellifera na região, nos últimos anos, sem causa identificada. Para a realização do estudo, o Cemafauna conta com o apoio da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Cardiff, no País de Gales.
Para o estudo, o Cemafauna realizou a coleta de abelhas mortas e do mel produzido por essa espécie. “A pesquisa envolveu somente a Apis mellifera por ser a espécie de interesse dos apicultores que diagnosticaram o problema na região”, conta a coordenadora da pesquisa no Cemafauna, a bióloga Aline Andrade. Ela destaca que esta espécie é responsável por grande parte da polinização de frutos. “Embora seja exótica, ela tem ampla distribuição por todo o país, com importante papel ecossistêmico nos serviços de polinização e, consequentemente, na produção de frutos”, explica.
O material coletado foi enviado para a Universidade de São Paulo, para ser analisado por pesquisadores. Nas primeiras análises, foi identificada a presença de substâncias químicas nas cutículas (pele) das abelhas. Estas substâncias são encontradas em pesticidas utilizados nas lavouras agrícolas.
De acordo com Aline, a morte e o desaparecimento das abelhas pode ter origem em diversos fatores, como a mudança climática, o desmatamento da vegetação e até mesmo o uso de agrotóxicos nas plantações. Para uma análise mais detalhada, as amostras foram enviadas para os pesquisadores da Universidade de Cardiff. Esta etapa do estudo está prevista para ser concluída no final deste ano.
A bióloga do Cemafauna destaca a importância da Univasf para a realização da pesquisa. “A Universidade pode fornecer o conhecimento científico e contribuir para as tomadas de decisões para a manutenção e aumento das cadeias produtivas, tanto dos produtores de mel e outros produtos apícolas, assim como para produção agrícola”, observa ela.
O Cemafauna também atua em outros dois projetos que envolvem abelhas. O “SOS Resgate de Abelhas Africanizadas em Área Urbana” e o “Resgate de Abelhas sem Ferrão nas áreas do Projeto de Integração do Rio São Francisco”, que têm o objetivo de resgatar abelhas que estão expostas na cidade de Petrolina (PE) e em áreas do Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF).
Ascom Univasf
2 comentários
21 de Aug / 2019 às 21h56
Pesquisa aponta que as abelhas são bioindicadores de poluição ambiental (Talita Silveira), um dos fatores que contribui para isso: o uso/abuso do agrotóxico na agricultura irrigada, é o que mostra também o estudo do Cemafauna/Univasf. Além desse fator o desmatamento, as queimadas, estiagem, também coadjuvam para o aumento da mortandade das abelhas favorecendo o desaparecimento e consequentemente o desequilíbrio do ecossistema. Torna-se urgente o envolvimento de todos nós, nessa luta pela preservação desses polinizadores tão importante e necessários para a vida no planeta!
21 de Aug / 2019 às 22h04
O estudo realizado pelo Cemafauna/Univasf é de suma importância para entendermos que essa situação afeta a todos, pois com o desaparecimento das abelhas, diminui a produção de alimentos e consequentemente o desequilíbrio da fauna e da flora, além da escassez de alimento na mesa de todos nós!