Transformar o acidente geográfico e o sítio arqueológico que atravessa os estados do Ceará, Piauí e Pernambuco em Patrimônio da Humanidade é a principal ideia do I Seminário Internacional do Patrimônio da Chapada do Araripe. Entre 6 e 9 de agosto, nos municípios cearenses de Juazeiro do Norte, Crato e Nova Olinda, o evento pretende dar início a uma campanha de reconhecimento da Chapada como patrimônio através dos saberes e das práticas culturais do território interestadual.
O projeto transforma a casa dos mestres da cultura em espaços de visitação.O objetivo é a valorização do patrimônio cultural e do turismo comunitário no Cariri. Dentro da programação do I Seminário Internacional do Patrimônio da Chapada do Araripe, entre os dias 6 e 9 de agosto, serão inaugurados mais dois espaços de memória, que integram o projeto “Museus Orgânicos”, proposto pelo Sistema Fecomércio Ceará, por meio do Sesc, e pela Fundação Casa Grande de Nova Olinda. A iniciativa contemplará a trajetória do Mestre Nena da tradição de bacamarte e do Mestre Raimundo Aniceto, das bandas cabaçais.
Dia 06/08, no Crato, será inaugurado o museu orgânico do Mestre Raimundo Aniceto, de 85 anos, integrante da centenária “Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto”. Sua casa será aberta à visitação e preservará a história do grupo e os instrumentos artesanais. No dia 07/08, às 8h, será inaugurado o Museu Casa do Mestre Nena, em Juazeiro do Norte. O brincante de 67 anos movimenta a tradição com o grupo “Bacamarteiros da Paz”, representando o cangaço e o misticismo popular.
Como explica Elane Lavor, gerente da Unidade Sesc Juazeiro do Norte, o conceito “orgânico” deriva da interação com o mestre e a sua família no dia a dia.Um dos principais curadores da iniciativa, Alemberg Quindins, fundador da Casa Grande, destacou o potencial patrimonial nas dinâmicas da cultura no Cariri. “Cada espaço desse é um centro cultural, um museu ao céu aberto dentro da Chapada do Araripe”.
Ao todo serão produzidos 16 museus orgânicos no decorrer do projeto. O recorte para a criação dos espaços foi semelhante ao processo criativo de composição dos museus de Mestre Antonio Luiz com as máscaras de Reisado e do Mestre Françuli com as artes em flandres, ambos inaugurados em Potengi. Baseada na arquitetura do afeto, como propõe Alemberg, o espaço comunitário de um museu orgânico revela o cotidiano e a vivência em redes solidárias, apresentando o modo como se brinca no próprio espaço da prática cultural.
Redação Blog
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