No dia 10 de agosto de 2013, a vida da autônoma Elizeuda Pereira de Holanda mudou. Ela e mais duas pessoas foram baleadas por Bartolomeu Cerqueira de Amorim, no bairro Atrás da Banca, em Petrolina, Sertão de Pernambuco. Maria de Lourdes Conceição, que na época tinha 63 anos, morreu 15 dias depois, o filho dela, Ítalo Rafael da Conceição, morreu em 2017, em decorrência dos ferimentos. Elizeuda ficou paraplégica.
Quase seis anos depois, o responsável pelo crime foi preso na cidade de São Bernardo dos Campos, em São Paulo. A sobrevivente ainda se pergunta por qual motivo o crime foi cometido. “Eu não sei porque ele atirou em mim. Eu gostaria de perguntar isso para ele: porque ele atirou em mim se eu não fiz nada pra ele? O que eu fiz para ele? Que eu saiba, não fiz nada. Nunca discuti com ele, nunca tive nada com ele. Só isso que eu queria perguntar”, questiona Elizeuda.
De acordo com testemunhas, Bartolomeu saiu de casa e atirou nas três vítimas. O crime teria sido motivado por um desentendimento entre os vizinhos. Elizeuda era amiga da família. Um dos disparos que atingiu a clavícula da autônoma continua alojado no corpo dela.
Elizeuda conta que antes da tragédia leva uma vida independente. “A gente sobrevive, né, porque a minha vida deu uma reviravolta muito grande. Hoje eu sou independente para algumas coisas, mas, para muito muitas coisas, sou dependente e eu era totalmente independente”,diz Elizeuda, lembrando da rotina que mantinha antes de ficar paraplégica.
“Eu morava sozinha, acordava cedo ia para o meu trabalho cumprir o meu horário e ia para minha casa. Depois que aconteceu eu comecei a ver tanta gente na minha casa. Minha mãe, que não morava comigo, e aí foi meus irmãos, todo mundo para me ajudar. Hoje eu tenho que ter alguém morando comigo, e eu não estava acostumada com isso”.
A delegada seccional de Petrolina, Isabella Pessoa, explica que o inquérito do crime foi concluído em 2013 e foi encerrada agora, com a prisão de Bartolomeu, que hoje está com 46 anos. A delegada diz que a prisão foi realizada através de um trabalho conjunto entre as polícias civis de Petrolina e São Paulo.
“É importante frisar o longo trabalho investigativo da Polícia Civil, que após diversas diligências conseguiu encerrar o inquérito policial ainda no ano de 2013 encaminhado para a justiça. Continuamos em diligências incessante para localização do imputado que tinha mandado de prisão em aberto em decorrência desses fatos. Conseguimos, agora no ano de 2019, dar cumprimento de mandado de prisão em conjunto com a Polícia Civil de São Paulo, demonstrando que a polícia civil dá uma resposta efetiva. Em busca dessa resposta, a gente não parou ao longo desses anos para que conseguisse efetivamente concluir o caso.
De acordo com a Polícia Civil, Bartolomeu Cerqueira de Amorim atirou em três pessoas, no bairro Atrás da Banca. — Foto: Polícia Civil De acordo com a Polícia Civil, Bartolomeu Cerqueira de Amorim atirou em três pessoas, no bairro Atrás da Banca. — Foto: Polícia Civil
De acordo com a Polícia Civil, Bartolomeu Cerqueira de Amorim atirou em três pessoas, no bairro Atrás da Banca. — Foto: Polícia Civil
Segundo a delega, Bartolomeu vai responder pelos crimes de duplo homicídio e tentativa de homicídio. Ele está preso no Centro de Detenção Provisória em São Paulo. Isabella Pessoal disse que a polícia vai trabalhar para que o suspeito seja transferido para Petrolina. “Vão ser esforços conjuntos na tentativa da gente conseguir esse recambiamento o mais depressa possível”.
Com a prisão de Bartolomeu, Elizeuda diz que agora está aliviada. “Eu já tinha perdido as esperanças, não vou mentir. Eu já vi muitos casos que o cara faz, fica muitos anos e nunca é pego. Às vezes eu pensava que é melhor ele está foragido, porque ele não pode mais viver uma vida normal, talvez esse seja o castigo dele. De uma certa forma ele já está pagando. Ele não é mais uma pessoa normal. Ele tinha uma loja, tinha clientes e perdeu tudo isso. A gente quer ele preso e que realmente ele fique lá o tempo que for pra ficar. Que ele cumpra todos os anos que ele pegar em regime fechado”.
G1 Petrolina
1 comentário
03 de Jul / 2019 às 19h17
Parabéns para a polícia civil de Petrolina! Mas agora de resposta ao caso Beatriz.