Marco Antônio Barbosa**
Mais uma vez o Brasil bate um desagradável e triste recorde histórico. Segundo o Atlas da Violência 2019, realizado e divulgado este mês pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 65.602 pessoas foram assassinadas em 2017. Este dado fica ainda mais impactante quando vemos que 54,5% deste número são jovens entre 15 e 29 anos e que isso representa 69,9 homicídios para cada 100 mil jovens no país, taxa recorde nos últimos dez anos. Para se ter uma ideia da tragédia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera epidêmicas as taxas de homicídio superiores a 10 homicídios a cada 100 mil habitantes.
Esta taxa também é igual a que o Haiti, país mais pobre das Américas, registrou nessa mesma faixa etária em 2015, segundo o dado mais recente da OMS. Um absurdo se olharmos o nosso tamanho e nível de desenvolvimento.
Por isso, o Brasil, um país tido como jovem pelos seus 520 anos de idade, envelheceu precocemente. Nasceu velho, assim como o personagem de Brad Pitt em o Curioso Caso de Benjamim Button.
O nosso maior capital, econômico e social, é reduzido drasticamente ano a ano pela criminalidade. Observando especificamente o grupo dos homens jovens, o índice de homicídios por 100 mil habitantes chega a 130,4. Dos 35.783 jovens assassinados em 2017, 94,4% eram do sexo masculino.
O Atlas mostra que este genocídio, aliado a falta de oportunidade (já que 23% dos jovens no ano de estudo não estavam estudando) acabam com o nosso futuro.
Como uma Europa pós-segunda Guerra Mundial, a nossa mão-de-obra em idade produtiva está dizimada. Para piorar este enredo, uma parcela dos que sobrevivem não se qualificam por falta de investimento em educação.
Mesmo que os dados analisados pelo estudo sejam de 2017, esta evolução aconteceu pelo menos nos últimos dez anos, quando mais de 300 mil dos nossos jovens perderam a vida para a violência. É um golpe muito duro, que só será recuperado com muita paciência e investimento, assim como aconteceu no continente europeu.
Priorizar a oportunidade para tirar os nossos jovens do caminho do tráfico é imprescindível para iniciar essa retomada. Educação é o motor para fazer essa roda girar para um futuro de paz. Em curto prazo, leis mais rígidas contra a criminalidade darão o suporte, a começar com as que já tramitam na Câmara. Precisamos apertar o cerco contra o crime organizado, além de melhorar as condições de trabalho de nossas polícias com investimentos ordenados e que integram o país.
Somente um pacote de políticas públicas, juntamente com educação e oportunidade podem mudar a nossa caminhada atual, que a passos largos levam o nosso país para o abismo. Nosso Brasil “Benjamim Button” envelhece antes mesmo de crescer economicamente. Se não agirmos logo, vamos enterrar os nossos jovens, com nosso país junto, de uma vez por todas.
** Marco Antônio Barbosa é especialista em segurança e diretor da CAME do Brasil. Possui mestrado em administração de empresas, MBA em finanças e diversas pós-graduações nas áreas de marketing e negócios.
8 comentários
20 de Jun / 2019 às 23h18
Certo senhor Marcos. Mas hoje Avanço desemprego. Avanço preço gasolina. Avanço da pobreza. Avanço de Boso em Brasília. Hoje Tudo piora com Bosonaro
20 de Jun / 2019 às 23h21
Marcos veja o blog Brasil247 que o Brasil tá afundando. A violência fome mentiras e MoruBosoTemir em Brasília não faz nada pra ajudar
20 de Jun / 2019 às 23h23
Violência aumentando e Bosonaru so pensa em mais armas e acabar com quem for contra
21 de Jun / 2019 às 00h36
Ok. Mas se o Bolsotario hoje fechar escola e hospitais?
21 de Jun / 2019 às 00h37
Quim e Fernando ver ou viu o blog Brasil247?
21 de Jun / 2019 às 06h15
Culpa de Bostanaru...Riquissimo falou antes da eleição que não iria prejudicar os aposentados. Bosonaro milionário Enganou o Brasil
21 de Jun / 2019 às 08h17
Céus como estou tão triste! o meu coração está inchado de tristeza! de ver estatísticas tão medonhas. Isto é um genocídio, estão diminuindo as nossas chances de desenvolvimento, com tantos cérebros perdidos na flor da idade, urge medidas que venha garrotear esta artéria, por onde jorra tantas vidas. E esta mudança está na educação transformadora, aquela que ensina a pensar e agir, no sentido da boa dinâmica social.
21 de Jun / 2019 às 08h25
Tá assistindo muito Filme nè?