Trabalhadores/as assalariados/as do Vale do São Francisco, participaram nesta terça-feira (28), de palestra realizada no auditório do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Juazeiro (STRJ), que discutiu direitos trabalhistas, trabalho escravo e reforma da previdência. O debate foi promovido pela Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Assalariados Rurais do Estado da Bahia (FETAR-BA), em parceria com a Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social do estado.
O evento foi dividido em dois momentos: no primeiro, o coordenador da Comissão Estadual para a Erradicação do Trabalho Escravo (COETRAE-BA), Admar Fontes Junior, apresentou o cenário baiano e as operações realizadas nas empresas em áreas rurais e urbanas. Fontes explicou que ao analisar o período de atuação da comissão, durante os anos de 2015 a 2019, o número de resgatados das operações aumentou forma assustadora, e 2019 tem se destacado, por apresentar alto índice de exploração da mão de obra na Bahia.
“Este ano já recebemos mais de 30 trabalhadores e não chegamos nem na metade do ano, diferente de 2018, que foram 52 no total. Infelizmente, a gente deve dobrar esse número. Isso é assustador e é efeito da reforma trabalhista, que vinha com uma proposta de empregos para a população, e agora a reforma da previdência, que tende a piorar a situação desse trabalhador”, disse Fontes.
Em um segundo momento da palestra, o Superintendente de apoio e Defesa dos Direitos Humanos, Jones Carvalho debateu a respeito dos prejuízos da reforma da previdência para os trabalhadores/as, em especial da zona rural.
“Com essa reforma, os trabalhadores vão sofrer muito. Já temos um exemplo dela no Chile. Lá, está tendo alto índice de suicídio de idosos, porque os aposentados começam a receber 30%, 40% do salário mínimo, não conseguindo nem se alimentar ou comprar remédios, e é essa reforma que querem implantar aqui no Brasil”, explicou Carvalho.
Maria Andrade (52) é assalariada rural e delegada sindical há 14 anos. A assalariada destacou a importância do evento, que serve de alerta para os trabalhadores e trabalhadoras rurais da região, a respeito dos efeitos da reforma da previdência.
“Essa reforma vai acabar com a nossa aposentadoria. Eu, por exemplo, que tenho 52 anos, é difícil, porque a gente se cansa muito de trabalhar, acordar cedo, passar o dia no sol, chegar em casa já à noite e ainda fazer serviço. É muito pesado para a nossa idade”, pontuou Andrade.
O vereador licenciado e diretor executivo da Ama, Agnaldo Meira também marcou presença na discussão. Meira reiterou respeito das condições de trabalhadores do Vale do São Francisco na década de 1990 e destacou a importância dos/as delegados/as sindicais, no avanço dos direitos.
“ Os trabalhadores e trabalhadoras rurais passaram a atuar de forma segura e digna, graças aos avanços nos direitos e da convenção coletiva, através das ações dos delegados sindicais nas empresas. O Vale do São Francisco conseguiu esses avanços, que se refletem no mundo do trabalho”, afirmou Meira.
De acordo com o representante da FETAR-BA, José Manuel (Zezinho), a realização desse evento, para os trabalhadores do norte da Bahia representa a preocupação das entidades sindicais e federações com os trabalhadores da região.
“ O Vale do São Francisco não tem apresentado registros de resgate de trabalho escravo, mas é uma região que não podemos fechar os olhos. Temos que continuar vigilantes, promovendo diálogos como estes, diretamente com os trabalhadores, para que esse problema não venha a acontecer”, finalizou Zezinho.
Ascom Agnaldo Meira
1 comentário
29 de May / 2019 às 13h01
Näo tem um aí que tenha lido uma página faz Proposta. É um mói de coentro vermelho da miséria kkkkk