Mãe...

"Vou colecionar mais um soneto outro retrato em branco e preto a maltratar meu coração ".
O passado parece mesmo um filme, uma fotografia em branco e preto!

"Mãe, você me teve e eu nunca tive você ".
Minha mãe me trouxe ao mundo em Juazeiro, logo depois me levou para o Rio de Janeiro e teve que me mandar de volta num avião da "Cruzeiro".
Aí eu ganhei muitas mães...

Só fui entender que tinha uma de "verdade vera", muito tarde, no meu coração das primeiras primaveras. 
Mesmo assim fiquei encantado com a beleza daquela mulher que todos diziam: esta é a sua mãe! Quem me dera lembrar da primeira vista.. sei que fui perdendo outras e ficando só com ela.

E ela também se foi aos 46 quando eu tinha uns 22 anos ..
Ela estava começando a me compreender e eu já sonhava um amor de outro jeito, bem do jeito que eu era.
Não pude fazer nada por minha mãe...

Quando gravei para aparecer cantando em um programa da televisão, ela não pôde assistir, já não estava mais aqui. No dia da gravação, eu só pensava: minha mãe vai me ver na tv lá em Juazeiro!!! No dia que o programa foi ao ar, eu senti o primeiro grande vazio da minha vida... fazer sucesso agora para quê? Para quem?

É por isso que até hoje, apesar de muito aparecer, parece mesmo que no fundo eu quero mesmo é me esconder!

Mãe, se você ainda tem uma? Aproveite, viva cada partícula de segundo de tempo do seu amor por ela...Que não precisa de nenhum dia para ser...no tempo do seu viver...eterna!

Maurício Dias (Mauriçola)