Unegro diz que “O crime é ter a pele preta”; dispararam mais de 80 tiros contra o veículo que o músico Evaldo Rosa dos Santos dirigia

A União de Negros e Negras pela Igualdade (Unegro) se posicionou sobre o fuzilamento do músico e segurança Evaldo dos Santos Rosa, alvo de homens das Forças Armadas, na Zona Norte do Rio de Janeiro, neste domingo (07/04). Para a entidade, o ataque foi motivado por racismo, pois tudo leva a crer que a vítima foi confundida com um criminoso por ser negra.

“Qual o crime? Ter a pele preta!! Chega de sermos a carne mais barata do mercado, o alvo das balas das polícias e do Exército, milícias e grupos de extermínio”, diz uma nota da Unegro divulgada em uma rede social.

Evaldo foi alvejado por 80 tiros dos homens das Forças Armadas quando passou de carro com a família em uma região conhecida como Guadalupe. No carro, estavam cinco pessoas que iam para um chá de bebê – além de Evaldo, também estavam no veículo a esposa; o filho de 7 anos; o sogro e uma outra mulher.

No posicionamento, a Unegro defendeu que existe uma cultura no Brasil que associa o negro à violência e ao crime, e que é urgente a superação dessa lógica. “Chega dessa violência de ser a população suspeita-padrão, passível de serem abatida antes de quaisquer perguntas ou investigações. Basta!”, diz outro trecho da nota.

Informaçõe  revelam que dez militares foram presos nesta segunda-feira (08) pela morte do músico Evaldo Rosa dos Santos – metralhado, neste domingo (07), no Rio de Janeiro (RJ), por homens do Exército Brasileiro, que dispararam mais de 80 tiros contra o veículo que a vítima dirigia, acompanhado da família, a caminho de um chá de bebê.

Também foram feridos o sogro de Evaldo, que estava no carro, e um pedestre que passava pelo local, em Guadalupe, na zona norte da capital fluminense.

Inicialmente, o Exército divulgou que sua tropa teria reagido a ataques de criminosos a bordo do automóvel. Posteriormente, em nota, o Comando Militar do Leste admitiu que “em virtude de inconsistências identificadas entre os fatos inicialmente reportados” (pelos militares envolvidos na ação), todo os envolvidos foram afastados e encaminhados à Delegacia de Polícia Judiciária.

Até agora, 12 militares já foram ouvidos, dos quais dez foram presos e estão à disposição da Justiça Militar. A Audiência de Custódia determinará o encaminhamento do caso.

O Ministério Público está acompanhamento os depoimentos, mas as investigações ficarão por conta do próprio Exército, em acordo com legislação de 2017 assinada pelo então presidente Michel Temer.

Laudos já elaborados pela Polícia Civil do Rio de Janeiro serão encaminhados às Forças Armadas.

Unegro