É impressionante como existe uma tendência natural das pessoas na avaliação negativa de todo e qualquer ato de governo, independentemente de sua natureza, cuja causa mais recorrente está no ângulo de visão ofuscado pelas posições políticas dominadas pelo radicalismo. Embora entenda que não se possa pretender que ocorram mudanças na linha de pensamento ideológico das pessoas, que venha significar a alteração de posições partidárias, contudo, um mínimo de racionalidade é esperado diante dos fatos.
Por exemplo, nada mais evidente e compreensível, que uma viagem internacional do Presidente da República e sua comitiva de assessores, seja marcada por um perfil de aproximação e cordialidade diplomática, sem a concretização de negócios imediatos que represente o repentino investimento de bilhões de dólares na economia. Só o estreitamento de relações já oferece boas sinalizações futuras em várias frentes, seja no campo econômico, tecnológico ou cultural, principalmente quando a Nação visitada é como o Estado de Israel, que se constitui num extraordinário exemplo para o mundo, como um povo que sobreviveu ao Holocausto da Segunda Guerra Mundial, onde mais de 6 milhões de israelenses perderam a vida. Com garra, coragem e determinação, o Estado de Israel saiu do nada para um modelar desenvolvimento nos dias atuais, o que causa uma incompreensível reação adversa. Mas, inegavelmente, é algo extraordinário!
Obviamente que os acordos bilaterais assinados nessas visitas oficiais mais sinalizam uma intenção política do que a obtenção de resultados econômicos imediatos. Muito bem definiu o professor de relações internacionais da USP (Universidade de São Paulo) Pedro Feliú: "Textos de acordos bilaterais normalmente tendem a ser mais genéricos mesmo no início de negociações entre os países", explica. E sempre foi e será sempre assim. Ninguém volta de uma visita cordial entre países com os bolsos cheios de dinheiro, para ser mais claro. Aliás, tivemos governos recentes que levaram bilhões do BNDES para oferecer investimentos ao anfitrião, como se o Brasil fosse o país rico!
A prudência recomendável nessas viagens, é evitar as declarações de impacto e geradoras de polêmicas, que possam produzir insatisfações e comprometimentos, como a anunciada mudança da Embaixada de Tel Aviv para Jerusalém – quando da visita aos EUA -, e que agora já mudou para um Escritório de Representação. De outra parte, diante da natural reação surpresa e contrariada das autoridades árabes por esse anúncio do Presidente, o seu filho, que é Senador da República, de forma desequilibrada e irresponsável, reage com impropério torpe e inaceitável de que “quero que eles explodam”! Depois, se arrependeu e apagou a infeliz declaração do seu Twitter! Ele ainda não se convenceu de que, independentemente de ser filho, exerce cargo eletivo como Senador da República e, como tal, deveria ter mais comedimento nas atitudes. Tinham silenciado um pouco, mas, de vez em quando, os garotos entram em campo para fazerem gols contra o próprio pai.
Nesse episódio da reação óbvia da Autoridade Palestina, há um detalhe a exigir do governo o necessário equilíbrio: a importante parceria comercial que deixou para nós um superávit em 2018 acima de US$ 7 bilhões de dólares, em decorrência da exportação de carne bovina, frango, soja e milho. Assim, os extremos precisam ser evitados, de modo a preservar as relações comerciais com as duas partes em conflito histórico. Será que não sabem disso? Sabem. O problema está na língua sem freio.
A propósito das críticas ao Presidente pelas quatro viagens realizadas nesse período de governo – Davos/Suíça, EUA, Chile e Israel -, temos o contraponto de Fernando Henrique Cardoso, com tantas viagens realizadas que chegou a ser apelidado de “Viajando Henrique Cardoso”, e o próprio Luiz Inácio Lula da Silva, que conseguiu superá-lo em números totais de viagens ao exterior, durante os dois governos. O Lula, inclusive, pouco tempo depois de assumir o governo, logo adquiriu um novo Avião Airbus Presidencial, no qual investiu US$ 56,7 milhões, para melhor segurança e conforto nos seus deslocamentos, atitude que acho normalíssima e que ninguém censurou! Percebe-se, assim, que existem dois pesos e duas medidas...
Nesse contexto de ideias conflituosas temos de nos conscientizar de que não basta criticar os políticos apenas, mas amadurecer as nossas posições e consolidar nossas TENDÊNCIAS, evitando sermos TENDENCIOSOS!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público - Aposentado do Banco do Brasil (Salvador-BA).
12 comentários
07 de Apr / 2019 às 23h11
O Artigo diz tudo mais a ilustração que o completa, diz muito mais... A gente fica no meio das tendencias dos tendenciosos sem saber para onde ir. Não sabemos qual o melhor caminho a seguir... Ou melhor, sabemos. Seguir olhando para a frente é a melhor tendência!
08 de Apr / 2019 às 00h05
COMO SEMPRE MESTRE. MAIS UMA BELA CRÔNICA. Reavivar a memória é sempre necessário. O Lula visitou a Palestina e doou 25 milhões (Hamas.) Ok! Foi ao túmulo de Yasser Arafat, esqueceu do Holocausto. Ok! No Brasil doou um terreno a Palestina (Hamas) em frente ao Palácio do Planalto, aonde fez sua embaixada. Ok!! Bolsonaro vai a Israel é um mi mi mi do caralho. Taquipariu. (UAUÁ-BA).
08 de Apr / 2019 às 00h11
Excelente crônica! Refrescando, inclusive, a memória de muitos... Sempre merecendo os meus aplausos! (IRECÊ-BA).
08 de Apr / 2019 às 00h23
Nem com nosso Chefe viajando ficamos sem a crônica semanal! (SALVADOR-BA).
08 de Apr / 2019 às 00h38
Mais uma vez você surpreende com uma análise perfeita sobre as tendências e tendenciosos. Todavia, com as mudanças do comportamento humano a cada instante da vida, o homem, de per si, toma consciência da sua força quando unida aos demais cidadãos. Por isso, quando o povo deseja colocar alguém no comando de seu destino, este será, com certeza o verdadeiro comandante. Para fazer valer essa força, o povo tem a maior arma existente nos regimes democráticos: O VOTO. É só usá-la quando for necessário. E somente ocorre no sistema onde a democracia é plena. (MANAUS-AM).
08 de Apr / 2019 às 00h45
Coerência é o que precisamos ter. Criticar por criticar ja não cabe mais . O governo está tentando se estabelecer no caos. Vamos dar tempo ao tempo e REZAR PARA ILUMINAR OS CAMINHOS COM MUITO AMOR. (SALVADOR-BA).
08 de Apr / 2019 às 00h52
Boa crônica amigo, gostei. (CAMAMÚ-BA).
08 de Apr / 2019 às 06h57
Bolso e sua organização criminosa governando o país.Suas tchutchucas e bolcheviques e bozohitler. Impichmant já antes que seja tarde demais.
08 de Apr / 2019 às 07h02
Quim eh contra os pobres??os mais pobres e menos escolarizadas predominam no grupo dos descontentes. Explicação está na economia que não decola e nas sucessivas crises envolvendo governo e a família Bolsonaro
08 de Apr / 2019 às 07h05
Bolsonaro não tem a mínima condição de governar uma das maiores economias do mundo. Um Deputado que sempre viveu à sombra, sem contribuir em nada com o povo brasileiro, em quase 30 anos só aprovou dois projetos. Comprovadamente um cara sem conhecimento técnico e sem poder político. Foi a pior escolha para presidente desde a queda da ditadura militar!!
08 de Apr / 2019 às 07h06
Péssimo. Cadê os empregos? A saúde? Os médicos da Ciência sem fronteiras saíram do programa e a população do interior está sem atendimento médico ? Educação não tem projeto? Só fazer arminha com as mãos que passa.
08 de Apr / 2019 às 08h09
Com certeza esta mesma atitude de sempre pregar o antagonismo revela que para muitos o importante não é a nação, mas a convicção politica individual ou de um grupo. O Brasil infelizmente ainda não conseguiu um discurso que pregue o desenvolvimento sem o confronto. E sua crônica analisa isto de forma perfeita, Agenor. Frisando dados históricos que acabaram esquecidos. Somos vítimas de uma ideologia sem razões. Apenas o exercício do poder. Nem que para isto o bem comum tenha que ser prejudicado. FOZ DO IGUAÇU-PR