O Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) divulgou relatório no qual aponta que, até a última sexta-feira, dia 22, não foram observadas alterações significativas na qualidade das águas na estação de amostragem localizada a jusante da usina hidrelétrica de Retiro Baixo, em Minas Gerais, que indiquem a chegada da pluma de rejeitos no reservatório de Três Marias. A informação foi transmitida pela equipe técnica do Instituto, na manhã desta segunda-feira (25 de março), durante a videoconferência promovida pela Agência Nacional de Águas (ANA) para discutir as condições hidrológicas da bacia do Rio São Francisco.
O acompanhamento da pluma de rejeitos no rio Paraopeba, afluente do Velho Chico, tem sido feito de forma rotineira, após o rompimento da barragem do Feijão, da mineradora Vale, no final de janeiro. De acordo com o laudo, foram registradas variações nos parâmetros alumínio dissolvido e densidade de cianobactérias. Ainda de acordo com o levantamento, os índices de turbidez – aspecto de transparência da água – chegam a 93 UITs na usina de Retiro Baixo, valor considerado como aceitável. Num outro ponto, distante 250km do rompimento da barragem, a turbidez é de 180. De Retiro Baixo em diante os estudos apontam, igualmente, que estão “dentro do aceitável”.
Na semana que passou, foi divulgada a notícia de que os índices de turbidez estariam muito elevados e que a pluma de rejeitos teria chegado ao reservatório de Três Marias, sendo lançada nas águas do Rio São Francisco. O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, acompanhou a videoconferência no escritório do colegiado, em Maceió (AL). Diante do desencontro de informações, ele alertou para a urgente necessidade de se trabalhar com a informação de qualidade diante do cenário preocupante para o meio ambiente e para a população.
“Todos sabem que o Paraopeba é um grande afluente do São Francisco. É preciso esclarecer em que grau de contaminação essa água chegará a Três Marias, bem como ter clareza nas informações. Na última reunião, o Igam reconheceu que as barreiras filtrantes, chamadas de cortinas, estavam sendo ineficazes e que tinha, inclusive, causado mortandade de peixes. A mineradora Vale precisa esclarecer a eficácia dessa medida”, protestou Miranda. Miranda voltou a cobrar que a Sala de Crise do São Francisco receba o maior número de informações para tranquilizar a população. Ele ressaltou que o Comitê também precisa receber essas informações.
“Temos a responsabilidade de transmitir a informação verdadeira e de qualidade”, disse o presidente do CBHSF. Ele citou, como exemplo, o seminário para identificar os pontos de maior ameaça em barreiras, evento que será promovido pelo colegiado em maio. “É preciso encarar os problemas de frente para prevenir os danos e diminuir o grau de ansiedade. Guardar informação não é uma boa estratégia, mas oferecer a melhor informação”, concluiu.
O superintendente de Recursos Hídricos da Secretaria de Meio Ambiente de Sergipe, Ailton Rocha, reforçou a posição de Miranda. Ele defendeu um trabalho integrado quanto ao repasse das informações entre o Igam e a ANA.
Ainda durante a videoconferência, Ailton Rocha relatou dificuldades encontradas pela empresa de abastecimento de Sergipe, a Deso, na captação de água para a população. O motivo está na proliferação de macrófitas, as chamadas baronesas, que entram no sistema de captação no município de Propriá e prejudicam o trabalho das bombas de sucção.
O vice-presidente do Comitê, Maciel Oliveira, também relatou dificuldade semelhante apontada pelo Serviço Autônomo de Águas e Esgotos (SAAE) no município alagoano de Penedo e em Paulo Afonso, na Bahia. “Em Penedo, foi necessária uma limpeza emergencial para não paralisar o abastecimento para a população”, disse Oliveira.
Como acontece em todos os encontros, também foi feita a explanação da equipe técnica do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), a respeito das condições hidrológicas do chamado rio da integração nacional.
A próxima videoconferência da ANA está marcada para o dia 8 de abril, a partir das 10h, horário de Brasília (DF).
Ascom CHBSF Delane Barros
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