Presidente do Ilê Aiyê defende que pela música, o negro se reafirme

Um dos momentos mais aguardados do carnaval de Salvador é a saída do Ilê Aiyê, ao subir a ladeira do Curuzu, no bairro da Liberdade, abrindo caminho para o desfile no Campo Grande. Chamado de "o mais belo dos belos", o tradicional bloco, ao longo de quatro décadas de existência, tem dado importante contribuição para o empoderamento da cultura negra no país.

Ao surgir na década de 1970, no bairro do Curuzu, o bloco foi acusado de ter “inconcebíveis intenções subversivas”, porque os fundadores pretendiam nomeá-lo como Poder Negro. À época, o registro foi impedido pela Polícia Federal Baiana. Ao desfilar pela primeira vez na folia soteropolitana, em fevereiro de 1975, já era chamado de Ilê Aiyê (Terra da Vida, no dialeto africano).

Hoje, considerado patrimônio da cultura baiana, o Ilê, uma entidade com mais de três mil associados, é visto como marco no processo de reafricanização do carnaval da Bahia. O bloco é conhecido pela militância ao desenvolver ações de valorização da cultura negra e de combate ao racismo e por manter escolas para crianças carentes em Salvador.

Ponto alto do trabalho que o bloco desenvolve, a música é calcada no batuque dos tambores e na potência das vozes. Com vários discos gravados, emplacou sucessos como Charme da liberdade, Depois que o Ilê passar, Deusa do Ébano, Que bloco é esse? e Negrume da noite.  Chama a atenção também a riqueza plástica exibida por seus integrantes, expressada pelo figurino e pela coreografia. Tudo isso, o Ilê mostra nas frequentes apresentações que faz no Brasil e no exterior.

Foto: Arquivo