Entre os dias 21 de novembro a 25, foram cento e cinquenta acidentes de trânsito, todos com as vítimas atendidas no Hospital Universitário (Unifasf). Detalhe: 113 das vítimas tem no registro acidente com motos.
O número de vítimas de acidentes de moto em Juazeiro, Petrolina e região permanece em ascensão.
No Estado de Pernambuco entre 2016 e 2017, houve um crescimento de 6% na quantidade de acidentados no estado. Foram 31,1 mil vitimados no ano passado, 1,7 mil pessoas a mais.
Já a elevação no número de acidentes ocorre há, pelo menos, três anos. Entre 2015 e 2016, foi de 11%, uma diferença absoluta de quase 3 mil acidentes. Por dia, no ano passado, os 17 hospitais sentinelas pernambucanos (onde são feitas as notificações para fins de vigilância) registraram por dia 85 novos acidentados por moto.
Esse incremento converge com outro dado alarmante. Depois de apresentar queda entre 2015 e 2016, o número de pessoas que tentaram tirar Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para moto em Pernambuco também voltou a crescer 30% no ano passado, em relação ao mesmo período do ano anterior.
“Os avanços foram pontuais. Ficamos nos lamentando ou elogiando por coisas pequenas. Enquanto isso, a epidemia está aí, matando e deixando pessoas amputadas, sem nenhum ponto de inflexão”, pontua o coordenador executivo do Comitê Estadual de Prevenção aos Acidentes de Moto (Cepam), João Veiga. Em seu mais recente levantamento sobre a temática, Veiga mostra que dois momentos históricos foram determinantes para a epidemia de acidentes de moto.
O primeiro deles ocorreu na virada dos anos 2000. “Começamos a perceber uma mudança no perfil dos atendimentos nas emergências, com o paciente vítima de acidente de moto aumentando de uma maneira geométrica”, explica o coordenador do Cepam.
O crescimento da motorização acelerada, naquela época, destaca o Mapa da Motorização Individual no Brasil, divulgado em setembro do ano passado pelo Observatório das Metrópoles, teve correlação com a pujança econômica do país e as desonerações fiscais de impulso de vendas dos anos seguintes.
O segundo momento de aceleração da taxa de vitimados por motos no país ocorreu em 2009. “O problema deixou de ser o quinto a chegar às emergências para ser o primeiro, passando acidentes de carro, agressão por armas brancas e por armas de fogo. O que estava ruim ficou muito pior”, lembra Veiga. Para ele, a justificativa foi a aprovação da lei federal 12.009, de regulamentação do serviço de mototaxista no país.
Na visão do professor do departamento de engenharia civil da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Leonardo Meira, a preferência na adoção das motos se explica pela má qualidade do transporte público coletivo.
“Ela acaba se tornando útil para aquela pessoa que precisa se locomover, não quer usar o ônibus, mas também não têm dinheiro para comprar um carro”, diz. O Mapa da Motorização Individual ressalta ainda que, como o carro particular, a moto permite uma liberdade quase irrestrita e a possibilidade de realizar uma viagem de porta a porta.
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