O ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, disse hoje que o modelo centralizado do setor energético brasileiro não beneficia o consumidor. Segundo ele é preciso diversificar as fontes de energia “e aproveitar essa imensidão para buscar energia mais barata”.
Moreira Franco visitou nesta quarta-feira (28), a Usina Fotovoltaica Flutuante, da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), em Sobradinho (BA). A unidade avalia a eficiência da tecnologia fotovoltaica resfriada naturalmente pela água, tendo em vista que as placas perdem eficiência sob forte calor. Também serão avaliados os impactos da usina flutuante no meio ambiente e nas atividades de pesca e navegação no lago da represa.
“Nós estamos aqui buscando abrir os hábitos, a cultura, a mentalidade do setor elétrico brasileiro. Não dá para se repetir os mesmos métodos, ter os mesmos modelos que têm gerado uma das energias mais caras do mundo. O consumidor brasileiro precisa pagar menos”, asseverou a jornalistas que acompanharam a visita. Confira abaixo a íntegra da entrevista:
O que esse projeto representa para a energia solar no Brasil?
Temos a necessidade de aumentar drasticamente a produção de energia. Na realidade, se nós não tivéssemos tido a maior crise econômica da nossa história, nós teríamos tido o maior apagão da nossa história. E a expectativa é que nós possamos crescer daqui pra frente, e trabalhar muito pra crescer 2,5% ao ano. Se crescermos por três meses a essa taxa nós vamos ter dificuldade por falta de energia.
Então, é necessário que se faça muita pesquisa e desenvolvimento, muitas experiências como essa que temos aqui. Temos que diversificar nossas fontes, buscar energia solar, eólica e hídrica, testando todas elas. Usar termelétricas com gás, biocombustível. E aproveitar essa imensidão para buscar energia mais barata. Nós temos aqui, no Nordeste, por exemplo, que criar um modelo que permita que o sol e o vento, que são fontes de energia mais barata, beneficiem os consumidores. O nosso modelo atual, que é centralizado, não beneficia.
Essa experiência da Usina Flutuante Fotovoltaica, no lago de Sobradinho, é útil não só para testar a capacidade desta fonte, mas também para melhorar, criar uma cultura de inovação, não só naqueles que estão produzindo energia, mas naqueles que produzem equipamentos para o desenvolvimento dessa fonte no Brasil. E para que, o mais rápido possível, nós possamos criar a base, a infraestrutura para aumentar a nossa produção de energia.
Essas placas estão em teste hoje. Há previsão de quando vão começar a funcionar? A intensão é usar em vários lagos de hidrelétricas no Brasil?
Isso é um projeto de pesquisa e desenvolvimento, que é o esforço que se faz, a metodologia que se tem para introduzir inovação. Nós estamos aqui buscando abrir a mentalidade, os hábitos, a cultura do setor elétrico brasileiro para conviver com a inovação. Não dá para se repetir os mesmos métodos, ter os mesmos modelos que têm gerado uma das energias mais caras do mundo. O consumidor brasileiro precisa pagar menos. Energia limpa, abundante e barata, a preço justo. Até porque, cada vez mais, ninguém vai poder viver sem uma tomada do lado.
Qual o potencial de geração, uma vez que estes testes comprovarem eficácia?
Primeiro temos que ver se essa metodologia funciona. Também estamos trazendo autoridades ambientais para ver o impacto dessas placas na água, nos lagos para que possamos garantir as condições ambientais adequadas ao mesmo tempo que queremos criar condições para que o potencial produtivo destas fontes possam ser desenvolvidos, não só na produção, mas também na base industrial que permita que esses equipamento sejam produzidos no Brasil a custos mais baratos para que o produtos final não imponha ao brasileiro continuar pagando por uma das energias mais caras do mundo.
O MME tem intensão de ampliar os leilões nessa área de energia limpa?
Nós precisamos ampliar a produção de energia. Para isso, inevitavelmente, teremos que buscar todos aqueles que trabalham no setor e que venham a ajudar nesse esforço, para aumentar a produção.
O Brasil é um país muito grande, que tem regiões em que determinadas fontes são muito mais atraentes, mais baratas e capazes de produzir determinada energia com muito mais desenvoltura que outras. No Nordeste, como eu disse, o sol e o vento ajudam nisso. Em outras áreas não se tem a mesma fonte. Se você vai para o Centro-oeste, o biocombustível é muito mais barato que em outras áreas.
A própria ideia de um modelo descentralizado tem que ser repensada para abrir espaço à imposição que a natureza já nos dá, pela extensão do país, de criar um modelo descentralizado. É compreensível que o modelo de um país como a França, que é muito pequeno em território, seja centralizado. Nos EUA que é um país extenso, com as dimensões que o Brasil, o modelo não é centralizado, exatamente para que a produção possa se dar num ambiente em que o custo final do produto que está sendo oferecido seja o mais barato possível.
Qual o impacto que essa experiência pode gerar para o Vale do São Francisco na sua opinião?
Eu creio que é um impacto positivo. Precisamos criar as condições aqui para que essa região, com as suas características ambientais, seja próspera. Que se crie aqui uma base econômica que abra alternativas e oportunidades iguais às regiões mais ricas do país. Para isso, nós precisamos usar todo esse potencial que essa região tem, de sol e vento, para produzir energia, que é uma fonte, não só de emprego, mas de produção de renda e riqueza.
Fonte: Ministério de Minas e Energia Foto: Caio Ribeiro
1 comentário
29 de Nov / 2018 às 10h31
Devido toda essa crise hídrica o governo poderia dar incentivos para o povo instalar a sua geração de energia.reduzindo o valor dos impostos dos equipamentos usados na geração.