O novo governo que assumirá em janeiro ganhou as eleições se utilizando pela primeira vez de táticas militares bem definidas, obedecendo a uma estratégia que agora se descobre bem construída e bem assessorada por agentes externos. Não se sabe se isso poderá a longo prazo politicamente dá certo, porque se entende que a guerra é a extensão da política, e não a política a extensão da guerra. Mas fica bem claro nas primeiras atitudes antes de efetivamente assumir o posto que mudanças substanciais serão as premissas desse novo contexto do chamado populismo de direita de Steve Bannon.
Três pontos centrais compõem o desenho do que será o novo governo, e estão articulados entre si. No plano externo, alinhamento acasalado com os Estados Unidos de Donald Trump, na economia o desmonte de estruturas essenciais do Estado e uma reforma da Previdência muito mais brutal que a de Michel Temer, e na arena interna carta branca para que Sérgio Moro transforme o Ministério da Justiça num instrumento de diversão do público e de perseguição política aos adversários.
Em relação ao alinhamento com os EUA será um jogo de risco, já que ele trabalhou em sua campanha o discurso do nacionalismo exacerbado, usando sempre de forma berrante o verde e o amarelo. Mas as ações não mentem, apesar de torná-lo em médio prazo impopular. Ficou claro isso na intenção de autorizar a venda incondicional da Embraer à Boeing, desnacionalizando a principal empresa brasileira de alta tecnologia, ao querer transferir a embaixada brasileira em Israel para Jerusalém, ferindo decisão da ONU e subordinando-se a Trump, ao ameaçar romper relações diplomáticas com Cuba, após inviabilizar a presença dos médicos cubanos no Brasil, e quando autorizou seu futuro Ministro da Economia, Paulo Guedes, a desfazer do Mercosul, anunciar que mantê-lo não será prioridade e afirmar que o bloco só negocia com quem tiver inclinações bolivarianas.
O segundo ponto da política do novo governo é o que poderá transformá-lo mais impopular do que Temer. Parece ser sua intenção de promover um ajuste fiscal capaz de mudar a face do país, que implica devastar direitos sociais, reduzir dramaticamente a capacidade de ação do Estado e criar um ambiente favorável à atração de grande volume de capitais externos de rapina. Ele quer leiloar, à petroleiras internacionais, as áreas do Pré-Sal controladas pela Petrobras (3,5 bilhões de barris de petróleo, pesquisadas e descobertas pela empresa brasileira, concedidas a suas concorrentes internacionais). Pretende também desmantelar o BNDES ou reduzir ao mínimo sua presença na economia, privando o país de uma ferramenta essencial para promover um novo padrão de desenvolvimento. E por fim diminuir drasticamente os gastos sociais para a população mais pobre do país.
A subordinação aos EUA e o corte de direitos, sozinhos, não serão capazes de manter a popularidade do presidente eleito, do contrário como provado com Temer sua popularidade deverá diminuir com o passar dos meses. Então é aí que entra o ex-juiz Sérgio Moro e seu superministério da Justiça. Moro não controlará apenas a Segurança Pública, utilizando-se inclusive dos decretos que permitem contratação sigilosa de equipamentos de vigilância. Ele terá sob seu comando a Controladoria Geral da União, que tem poderes para questionar e interromper todos os convênios de órgãos públicos e privados com o Estado, e mais precisamente controlará o COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), órgão técnico, voltado a coibir a lavagem de dinheiro ou as operações suspeita, hoje sob a tutela do Ministério da Fazenda. Sua politização poderá transformá-lo num instrumento de intimidação e coação de adversários políticos.
Se subjugar o inimigo sem lutar for uma das principais prerrogativas desse novo governo, que está aos poucos deixando claro como deverá ser sua administração e sua forma de fazer política baseado exatamente em princípios militares, vai dá certo, quem vai dizer é a própria história. Rumores dão conta que pela própria natureza do que ele está fazendo, pode até ser que isso seja inicialmente um governo de improviso. Uma coisa é certa com o passar do tempo, o povo vai perceber que não se governa em redes sociais, não se entrega tudo de graça aos estrangeiros, não se retira direitos seculares do próprio povo, e não se governa apenas com espetáculos "morianos", principalmente coordenados por quem nunca teve prática com a coisa pública e com a política como coisa em si.
Por Genaldo de Melo
15 comentários
17 de Nov / 2018 às 23h18
Me desculpa meu amigo , mais o espetáculo já acabou! E esse foi montado bem montado , e os palhaços eram as pessoas . Os brasileiros que trabalham de verdade, que tem uma vida dura e corre atrás dos seus ideais , me desculpa mais acabou ! Chega de fazer o povo de palhaço. Para de alimentar essas idéias ridículas.
18 de Nov / 2018 às 05h19
MIMIMI DE MAMÃO DE TETAS !
18 de Nov / 2018 às 05h47
Maravilhoso texto. Ele vai terminar pior que Temir Judas Hitler. O senhor foi sensato e certeiro no que vai vir. Quem iria baixar o gás perdeu e quem vai baixar a LENHA ganhou. Viva a verdade aqui.
18 de Nov / 2018 às 05h49
Tudo como dantes no quartel de Abrantes, só que não! Aumentam seus próprios salários e o de seus amigos . Apontam incapazes para os super ministérios . Moro na Justiça e Segurança pública é escárnio . O triplex não é do Lula, mas o ministério será dele . Vale isto uma CPI? Trocaram o auxílio moradia por um aumento maior que este próprio auxílio e o salário mínimo ainda menor. Seguem os planos da previdência pública do sanguinário Pinochet onde hoje a maioria dos idosos recebem menos de meio salário mínimo de lá , algo similar a pouco mais de seiscentos e cinquenta reais.
18 de Nov / 2018 às 05h52
Não sei se o mandato dele vai completar um ano. Desse jeito tá difícil e ainda nem começou.
18 de Nov / 2018 às 06h05
Essa Viúva do Lula não aprendeu ainda!!!! A Marreta do Capitão vai lhe pegar menina.. ....
18 de Nov / 2018 às 06h05
Há alegrias que são tristes porque não se formam de uma matéria boa, mas da tristeza dos (des)semelhantes. Ainda que discordasse do otimismo, eu queria ver gente eufórica por acreditar que dias melhores estariam por vir. Eu quis ouvir “agora o desemprego cai, as desigualdades reduzem, a educação melhora, os hospitais públicos funcionam pra valer, a nossa infraestrutura dá um salto de qualidade” ou coisa assim. Ao invés disso, ouvi gritos ensandecidos do tipo “agora esses viadinhos vão cair na porrada, esses nordestinos vão comer capim, aquele desgraçado vai apodrecer na cadeia.
18 de Nov / 2018 às 07h05
Se durante a corrida eleitoral os simpatizantes encontravam uma pista reta onde corriam de olhos vendados, guiados por pastores e fake news, agora, depois do resultado e já com olhos descobertos encontram curvas sinuosas e cheias de obstáculos. Se a simpatia com Temer é um tapa na cara dos que relutaram em acreditar na congruência de ideais e idéias entre os dois. A sangria provocada na saúde, de forma direta, é uma verdadeira punhalada nas costas daqueles que foram doutrinados e guiados para a beira do precipício.
18 de Nov / 2018 às 07h19
Parabens para este bom blog. Como muitas vezes costuma acontecer, uma bandeira se levanta justamente para se encobrir uma batalha por seu revés. Pois o que pregam os arautos da Escola Sem Partido que não determinar politicamente o que devem falar alunos e professores? Começam tempos em que é preciso estar atentos a riscos colocados à República. Que tenhamos força e coragem, como recomendam as Sagradas Escrituras (Josué, 1). Doutor Geraldo Melo manda textos para o blog Brasil247 e GGN?
18 de Nov / 2018 às 07h19
Parabens para este bom blog. Como muitas vezes costuma acontecer, uma bandeira se levanta justamente para se encobrir uma batalha por seu revés. Pois o que pregam os arautos da Escola Sem Partido que não determinar politicamente o que devem falar alunos e professores? Começam tempos em que é preciso estar atentos a riscos colocados à República. Que tenhamos força e coragem, como recomendam as Sagradas Escrituras (Josué, 1). Doutor Geraldo Melo manda textos para o blog Brasil247 e GGN?
18 de Nov / 2018 às 07h36
Entre um ótimo professor e o último aluno da classe, os brasileiros escolheram a segunda opção para presidente da República nas últimas eleições.
18 de Nov / 2018 às 09h01
Chora comunista. Vai pra Cuba que é melhor. Veja nosso governo e morra de inveja kkkkkk
18 de Nov / 2018 às 09h33
Os índices de inteligência variam de pessoa para pessoa. A cultura sofre influência do meio. Mas a burrice já vem de berço.
18 de Nov / 2018 às 11h09
Irre. As eleições já se passaram. Agora é bola pra frente e deixar o homem trabalhar e consertar este desconcertado país que estava nas mãos dos saqueadores.
18 de Nov / 2018 às 15h42
Vemos aqui uma ave agoureira que torce com todas as suas entranhas para ver o governo de seu desafeto cair! Que feio! Que péssimo brasileiro! Quer dizer então que vc deseja que o governo Bolsonaro com “seus espetáculos "morianos" seja péssimo para depois vc ficar escrevendo aqui: “eu falei, olha eu tinha razão”? E isso a troco de ver seus filhos sofrendo com suas supostas “mais injustiças sociais”? É como o Erry Justo disse em seu artigo: “Petistas habitam na Disneylândia de suas contradições!” Ora bolas...