Um grupo formado exclusivamente por homens das comunidades de Sítio, Rangel, Lajes e Fartura, no interior de Sento-Sé (BA), foi o público alvo de uma formação sobre relação de Gênero ocorrida na última semana, na localidade de Sítio. Essa é uma temática pouco comum no universo masculino, especialmente quando se aborda questões como machismo, preconceito e práticas de domínio do homem sobre a mulher. Mas foram exatamente esses assuntos que tomaram conta dos debates durante toda a formação, que também contou com uma boa participação de jovens das comunidades.
O encontro faz parte do Componente Social do Projeto Pró-Semiárido, o qual oferece capacitações e formações para as famílias contempladas pelo projeto, mesmo para as que são beneficiadas também pelo Componente Produtivo. O Pró-Semiárido é executado pela Companhia Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), órgão da Secretaria de Desenvolvimento Rural do Estado da Bahia (SDR). Os recursos do programa são frutos do Acordo de Empréstimos entre o Governo da Bahia e Fundo de Desenvolvimento Agrícola (FIDA).
José Carlos Nery, Técnico de Desenvolvimento Social do Projeto e vinculado ao Serviço Territorial de Apoio à Agricultura Familiar (SETAF), escritório de Juazeiro, disse que esse tipo de formação busca sensibilizar os homens para que eles reflitam sobre sua postura e ações junto à família, considerando que precisa haver harmonia e equilíbrio nas relações entre homens e mulheres. Para José Carlos, quando isso acontece, o projeto e as famílias alcançam melhores resultados também no ponto de vista da produção e melhoria da qualidade de vida.
A exibição do vídeo "A Vida de Margarida" durante a formação suscitou o debate de como os homens, impulsionados pelo machismo, querem manter a mulher em uma posição submissa no ambiente familiar, onde só eles decidem e querem exercer todo o controle. Esses aspectos foram criticados pelo agricultor Magno Luiz Ferreira: "é uma questão cultural esse machismo que só faz deixar o ambiente desarmonioso (...) mas é preciso que haja mudança que deve vim principalmente dos jovens", declarou o agricultor.
Tanilo Souza, técnico que faz acompanhamento às famílias das comunidades e colaborador do Irpaa – entidade que presta assessoria técnica ao Pró-Semiárido, lembrou que o machismo é uma realidade ainda presente na região, mas acredita que pode haver mudança com a sensibilização dos homens que, por meio desse tipo de formação, possam reconhecer a igualdade de valor nos trabalhos executados por homens e mulheres.
Para o jovem participante Leandro Rodrigues, esse tipo de formação também ajuda na integração das comunidades, as quais estreitam suas relações e passam a compartilhar mais suas experiências, podendo ainda fazer com que os homens reconheçam mais o trabalho das mulheres. "Os homens ainda precisam valorizar o papel da mulher na casa e fora dela. Devemos incentivar também sua participação nas formações dando mais oportunidades pra elas", opinou Leandro ao afirmar que ser sensível e demonstrar carinho, afeto e amor, deve também ser papel do homem.
Por meio de uma dinâmica, os participantes expressaram certa sensibilidade e partilha de experiências ao afirmar que atos como chorar, ser meigo ou sensível não diminui em nada sua masculinidade, ao contrário, esses sentimentos, são bons para o ser humano, independente de ser homem ou mulher.
Agência Chocalho
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