A economia criativa de selos e as tecnologias desenvolvidas para sua sustentabilidade são temas do I Encontro de Selos de Música Experimental - Tecnologias Sustentáveis para Música Móvel, que acontece entre 25 e 27 de outubro, em Salvador. O evento reunirá músicos, compositores, programadores e curiosos, interessados em trocar experiências sobre produção, divulgação e distribuição de música experimental independente.
A programação vai movimentar a Universidade Federal da Bahia (UFBA), no Campus de Ondina, e a Casa Preta, no bairro do Dois de Julho, com oficinas, debates, shows, feira e laboratório criativo. O projeto é uma atividade de extensão do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos (IHAC/UFBA) e tem apoio financeiro do Estado da Bahia, via Fundo de Cultura.
Estarão presentes representantes dos coletivos Al Revés (SP), DUNA (BA), Estranhas Ocupações (PE), Fronha Records (RJ), Jabuticaba Records (BA), Medula (RS), Miniestéreo da Contracultura (DF), Música Insólita (MG), Muziek Mutantti (BA), Noise Invade (BA), Novos Cachoeiranos (BA), Plataforma Records (RS), Sattvaland Records (BA), Sê-lo! Netlabel (BA), Seminal Records (RJ) e Sonatório (BA).
"Música, ativismo e feminismo" será o tema da oficina ministrada por Isabel Nogueira (Medula – Porto Alegre/RS) no dia 25 de outubro, às 14h. No mesmo dia, a partir das 19h, acontece o debate sobre "Redes de Música Experimental: produção, distribuição e sustentabilidade", com participação de Jean Souza (Sattvaland Records – Salvador/BA), Sanannda Acácia (Seminal Records – Rio de Janeiro/RJ), Luciano Matos (El Cabong – Salvador/BA) e mediação de Cristiano Figueiró (IHAC/UFBa – Salvador/BA).
No dia 26 de outubro Yuri Bruscky (Estranhas Ocupações – Recife/PE) e Fabiano Pimenta (Música Insólita – Belo Horizonte/MG) ficarão responsáveis pela oficina "Ruídos e Traquitanas: tecnopoéticas do som nas práticas artísticas contemporâneas", a partir das 9h. As oficinas e o debate serão realizados no IHACLab-i, localizado no PAF 5 do Campus de Ondina da UFBA. As atividades são abertas ao público, com inscrições gratuitas no local e participação sujeita à lotação do espaço. Certificados serão enviados posteriormente por e-mail.
Nas noites dos dias 26 e 27 de outubro, artistas dos 16 selos e coletivos se apresentarão em duos e trios, especialmente formados para o encontro em shows que acontecerão na Casa Preta (Dois de Julho). O evento ainda contará com uma feira com materiais produzidos pelos selos e coletivos, como CDs, vinis, k7, fanzines, livros, camisetas e outros. O acesso aos shows e à feira é gratuito.
Em paralelo às atividades de livre acesso ao público, os artistas convidados estarão imersos em um laboratório criativo, onde serão criadas cenas musicais através de sessões de produção colaborativa. As cenas serão disponibilizadas gratuitamente pelo ESMERIL – aplicativo desenvolvido em software livre pelo artista e programador Bruno Rohde para distribuição de cenas musicais – que será lançado no último dia do evento. O ESMERIL é um reprodutor de músicas expandido que possibilita ao usuário escutar composições existentes e também interagir com essas composições alterando parâmetros de reprodução.
ESMERIL pode ser usado tanto por interessados no desfrute das músicas existentes na plataforma, como por artistas e entusiastas da música digital para recompor materiais existentes ao vivo, gerando novos resultados sonoros e performances que podem ser gravadas no próprio aplicativo. O resultado do uso desse novo formato pode ser resumido na diferença entre simplesmente tocar a música em um dispositivo e tocar com a música pelo ESMERIL, usando as estruturas internas da composição para criar outra obra.
Selos ou "Netlabel" são coletivos que distribuem músicas em formato digital (como MP3, Ogg, FLAC ou WAV) para download gratuito. Adotam práticas comuns da ética "faça você mesmo", como produção colaborativa de discos e material gráfico, organização de shows e venda de ingressos, produção e venda de camisetas, entre outros. O evento busca ainda unir a experiência acumulada dos selos e coletivos de música experimental independente às possibilidades do uso e desenvolvimento de tecnologias livres para a criação artística.
Nesse projeto, a música experimental independente faz referência a um tipo de atitude comprometida com a criação e a linguagem, sem ter como objetivo instantâneo a comercialização do produto. As estéticas musicais dos selos e coletivos convidados abrangem um universo amplo de referências que vão desde o eletroacústico acadêmico, passando pela cultura eletrônica de pista, industrial, dub e noise, até as novas práticas criativas que misturam sonoridades diversas. A proposta do I Encontro de Selos de Música Experimental é apresentar uma vertente musical engajada com a liberdade criativa.
Ascom
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