A região do Baixo São Francisco deverá receber, pela primeira vez, o maior e mais profundo levantamento das condições de sua vida lacustre. A partir desta semana, de 15 a 19 de outubro, pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), juntamente com empresas relacionadas às questões ambientais e secretarias governamentais farão uma expedição, que se estenderá pelos municípios alagoanos de Traipu, Igreja Nova, Piaçabuçu, Porto Real do Colégio e Penedo.
O trabalho tem o apoio do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) e contará com a presença de um barco robótico, capaz de oferecer informações precisas suficientes para traçar um “raio-x” do Velho Chico em diversos aspectos. O objetivo é atender a demandas existentes em quesitos como manutenção do rio, a sua preservação e até mesmo problemas de saúde pública.
O coordenador da expedição, professor do Centro de Ciências Agrárias (Ceca) da Ufal, Emerson Soares, explica que o trabalho irá reunir informações que, hoje, estão dispostas de forma pulverizada, o que dificulta a consulta e a elaboração de diagnósticos para o rio. “Teremos, nesse trabalho, a participação de mais de 40 pesquisadores e estudantes, incluindo um colega da Alemanha, com larga experiência, e que pode contribuir com essa atividade”, explica Soares.
De acordo com o professor, desde 2007, pesquisadores estudam o São Francisco, em aspectos como assoreamento, cunha salina, poluição aquática, identificação de espécies que sofrem com as alterações fisiológicas do rio e modificam o ciclo reprodutivo, entre outros.
“São questões que sofrem interferências e é preciso uma base informativa para identificar a melhor maneira de gerir os recursos”, explica ele. Emerson Soares acrescenta, ainda, que o São Francisco sofre algumas mudanças que precisam ser monitoradas, como o aumento da carcinicultura e da rizicultura.
Ele alerta, também, para o registro de casos de saúde pública que podem ter relação com as espécies retiradas do São Francisco. “Vamos investigar, inclusive, se casos de câncer na população não estariam relacionados ao consumo de espécies com metais pesados, ou seja, o que indicaria o uso inadequado de fertilizantes e agrotóxicos”, adianta Emerson Soares. Este deverá ser o primeiro trabalho também executado pelo Laboratório de Estudos e Impactos Ambientais (Leia) da Embrapa Tabuleiros Costeiros, presente na expedição.
CHBSF Delane Barros Foto: Edson Oliveira
2 comentários
17 de Oct / 2018 às 04h04
Já está mais que na hora, de haver uma cobrança dos meios científicos as autoridades, federais,estaduais e municipais sobre um cuidado maior do RIO SÃO FRANCISCO E SEUS AFLUENTES. O rio está morrendo com assoreamento e poluição é necessário reflorestar, criar a mata ciliar, criar uma LEI que efetivamente proteja este que é uma joia do nordeste do Brasil.
18 de Oct / 2018 às 12h00
Por que a CODEVASF, principal órgão federal de desenvolvimento da região, não é pelo menos citada, já que ela detém uma gama de conhecimento sobre o rio?