Luiz Gonzaga em vida pediu para não deixar o forró morrer. Solicitou que a valorização da cultura da sanfona fosse garantida para que os jovens tomassem conhecimento que ele foi o Rei do Baião. Passados 29 anos desde que Luiz Gonzaga "partiu", no dia dia 02 de agosto de 1989, o cenário de crianças e jovens querendo aprender tocar sanfona cresce.
Enquanto as vozes de expoentes do forró nordestino, como Luiz Gonzaga e Dominguinhos, soam nas rádios e embalam reuniões familiares, ocorre o que os novos talentos do cancioneiro costumam chamar de afinidade, encantamento.
Um desses exemplos esta em Joandson Oliveira de Souza, natural de Casa Nova, Bahia, com apenas 9 anos e uma vontade enorme de um dia "ser cantor e sanfoneiro". Outro exemplo é Luiz Miguel, cinco anos. Natural de Petrolina, já traz no curriculo participações no Festival de Sanfoneiros do Vale do São Francisco. Os dois são apaixonados pelo som da sanfona e o aprendizado de música.
Desse ponto em diante, os pais das crianças garantem que fazem o possível para realizar o sonho deles, dentro do investimento financeiro necessário à compra de material, a disciplina no estudo formal e a conciliação entre a prática musical e a educação regular.
Em São Raimundo Nonato, Piaui, a 530 km de Teresina, o som que ecoa da sanfona estimula sonhos e alimenta esperanças. Um projeto cultural criado em 2011 pelo empreendedor musical Salvador Nunes e pelo seu filho Sandro Dias ensina a arte de tocar instrumentos a dezenas de crianças, jovens e adultos. Com poucos recursos e sem apoio de entidades governamentais, o projeto intitulado “Acordes do Campestre” já ganhou notorieade pelos resultados positivos.
Sandro Dias, conhecido na região como Sandrinho do Acordeom, aprendeu tocar sanfona aos 13 anos, quando ainda morava com os pais na vizinha cidade de Dom Inocêncio, distante 104 km. Apaixonado pela música, ele resolveu, com o incentivo do pai, transmitir o conhecimento aos jovens que tivessem interesse. Hoje Sandro é o coordenador do projeto que ensina música voluntariamente.
Segundo ele, os jovens têm aulas de segunda a sexta-feira e podem aprender a tocar os mais diversos instrumentos. “Nós não cobramos nada para dar aulas, é tudo voluntário. Eles podem aprender a tocar os instrumentos que quiserem”, conta Sandrinho. Além da sanfona, o projeto também ensina flauta, baixo, violão, triângulo, zabumba e bateria. Qualquer jovem da cidade ou da região pode participar e existe apenas uma única exigência.
“A criança tem que ter no mínimo seis anos e precisa estar matriculada em uma escola”, lembra Sandrinho. Recentemente, o projeto passou a ter formalização jurídica e ganhou o nome de Associação Cultural Acordes do Campestre. Os jovens participam de apresentações na região e tocam hinos em corais durante os eventos. “Já fizemos apresentações em Teresina, em Bom Jesus e em cidades de Pernambuco como Afrânio e Petrolina”, informou Sandro.
“Nosso objetivo não é apenas ensinar a tocar, mas também formar cidadãos. Nós usamos a música para fazer deles cidadãos de bem”, falou. Salvador conta que boa parte dos instrumentos utilizados no projeto é adquirida através de doações.
Redação Blog Foto: Ney Vital
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