Em seu terceiro ano consecutivo, o Simpósio "O Processo Doação e Transplante de Órgãos", promoveu, na quarta-feira (19), uma ampla discussão sobre o tema, passando por questões como diagnóstico da morte encefálica, acolhimento da família do doador até desafios éticos/jurídicos e assistência pré e pós transplante.
O evento, que faz parte do "Setembro Verde", foi promovido pela Organização de Procura de Órgãos do Hospital Dom Malan (OPO) e a Central de Transplantes de Pernambuco (CT-PE) / Macrorregional de Petrolina, e reuniu dezenas de estudantes e profissionais da saúde, no auditório da biblioteca da Univasf.
Durante todo o dia, palestrantes abordaram os avanços e às dificuldades ainda enfrentadas. "A OPO Petrolina é destaque no cenário estadual e nacional com relação à captação de órgãos, devido aos crescentes números. Mas, ainda existem muitas barreiras a serem vencidas, como a própria logística de captação, já que equipe precisa vir do Recife", pontuou a enfermeira gerente da OPO, Évora Leal.
Com relação à população, a dificuldade maior acontece pela falta de conhecimento do grande público sobre o assunto. "A morte encefálica e a doação de órgãos ainda é um tabu para muitos. Por isso, a campanha do Setembro Verde reforça a importância de expressarmos o nosso desejo de ser doador aos parentes próximos, pois isso os ajudarão a decidir no momento final", ressaltou a enfermeira Janaína Carvalho.
Há ainda questões concernentes aos profissionais da saúde. "Lidamos com a falta de uma equipe captadora na cidade, a ausência de preparo de alguns profissionais com relação ao processo e a limitação da quantidade de médicos aptos a diagnosticar a morte encefálica", relatou Évora.
Para minimizar os problemas, a OPO e a CT-PE têm procurado promover cursos e capacitações. "O Simpósio é um desses momentos, mas ao logo do ano realizamos um trabalho contínuo. Diariamente as equipes estão nos hospitais da cidade realizando busca ativa e promovendo a sensibilização. Nós da saúde temos uma responsabilidade social com relação ao processo de doação/transplante e não podemos nos abster desse compromisso", esclarece a gerente.
Tanta dedicação tem surtido efeitos positivos, já que Petrolina, pelo segundo ano, é destaque na captação. No ano passado, por exemplo, 60% dos corações doados em Pernambuco foram captados em Petrolina. Esse ano, até agosto, já foram contabilizadas 42 autorizações familiares, captados 38 fígados, 76 rins, 14 corações e 2 pâncreas. "Chegamos a 77% de respostas positivas das famílias e esse é um dado muito importante. Sabemos que ainda temos um longo percurso pela frente, mas entendemos que este é o caminho certo", reflete Évora.
O III Simpósio foi considerado um sucesso pela organização. "Acredito que cumprimos bem o papel de promover um despertar e contamos com a participação de um bom público. Há uns anos não poderíamos imaginar que lotaríamos um auditório para falar sobre o assunto e isso hoje é uma realidade", comemorou no final do dia a coordenadora da macrorregional, Gerlene Grudka.
Anna Monteiro-Hospital Dom Malan Imip
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