São quatro passagens pelo Náutico, uma pelo Santa Cruz. Outras tantas por outros clubes da região Nordeste. Respaldado pelos cerca de 20 anos de trabalho dedicados ao futebol regional, o técnico Roberto Fernandes fez um alerta ao futebol pernambucano após os fracassos dos clubes do estado nesta temporada. Além do Tricolor e do Timbu, condenados a passar pelo menos mais um ano no Brasileiro da Terceira Divisão, o Salgueiro foi rebaixado à Série D e o Sport vai mal na Série A. Um combo negativo que precisa se levar a uma reflexão geral das pessoas que fazem o futebol local, segundo o treinador recifense.
Com permanência indefinida no Santa Cruz após não alcançar o objetivo do acesso, o treinador apontou problemas estruturais e administrativos no Tricolor. "Nós temos ainda situações de clube como o próprio Santa Cruz que não tem um Centro de Treinamento. Isso não é uma crítica à gestão, tanto é que falei com Tininho (Constantino Júnior, presidente do clube) sobre isso. Nós temos ainda grave problemas para manter pagamento em dia. Nenhuma outra equipe tinha isso. Quem teve oportunidade de cobrir (o jogo contra o Operário, em Ponta Grossa), a torcida deles xingava a gente dizendo para pagar salário em dia. É hora de reflexão, cara", ressaltou.
Roberto Fernandes ainda fez um paralelo com o planejamento exercido pelo Operário, clube que eliminou o Tricolor na Série C. Segundo o treinador, é um exemplo a ser seguido pelos clubes locais. "A gente enfrentou uma equipe que teve uma regularidade. O Operário foi o primeiro a se classificar, está invicto em casa, tem oito jogadores que jogam juntos há três anos. Isso é planejamento. Então, reflitam sobre isso. Eu acho que as pessoas que pensam futebol, os formadores de opinião, os dirigentes, têm uma excelente oportunidade para fazer a reflexão de um momento ruim para voltarmos a ter a força que o futebol pernambucano sempre teve", disse.
Por fim, Roberto pontuou ainda que vê atualmente o futebol de Alagoas, historicamente menos tradicional que o pernambucano, à frente dos clubes do estado. "Estamos atrás, sem nenhum demérito, de Alagoas, com duas equipes na Série B, além de outras equipes que há dez, 15 anos atrás estavam muito atrás do Santa Cruz e hoje estão na Série B. Pagam salário em dia, têm estrutura melhor. Gente, é um momento de reflexão, e infelizmente para o torcedor, faz parte. E eu finalizo aqui dizendo 'sacode a poeira e dá a volta por cima'. É buscar as lições deste ano para tentar evoluir e em 2019 e para que o futebol pernambucano comece a se reerguer", pontuou.
Diario de Pernambuco
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