ESPAÇO DO LEITOR: POLÍTICOS DE OCASIÃO

Todas as vezes que se aproximam as eleições em nosso país, quer sejam no âmbito municipal, estadual ou federal, surgem aqueles que se acham espertos, se candidatando a algum pleito eleitoral.

Sem querer, e sem haver a necessidade de citá-los nominalmente, vez que a população os conhece. É por demais, abominável, o fato que os quatro anos que separam uma eleição de outra, a cidade sofre as agruras do dia a dia. E neste período são poucos ou quase nenhum, àqueles que se propõem a colocar o sistema em cheque.

Neste compasso, no plano municipal, por exemplo, o povo é extremamente castigado por ações governamentais que vão desde a falta de um profissional com credenciais para podar plantas, até aqueles que estão na alta hierarquia da estrutura municipal, sem as condições e o preparo suficientes para o pleno exercício do cargo que ocupa.

São inúmeros e enormes os problemas que surgem na municipalidade. Mas quem os reclama? Quem questiona? Quem fiscaliza? Quem dá a cara à tapa? Ninguém. Moramos em um município em que, infelizmente, a totalidade de seus Edis caminham juntos com o poder executivo. Alguém mais gracioso pode entender que isto é importante para a aprovação de matérias no poder legislativo, mas, em verdade, triste do poder que não tem quem o fiscalize.

É nesse momento que poderiam surgir àquelas pessoas e políticos capazes de colocar o velho sistema em cheque. Mas o que acontece é que boa parte deles querem galgar o poder e ficar se deliciando com a falta do contraponto, do contraditório, de outro ponto de vista. Coisa que os chamados POLÍTICOS DE OCASIÃO poderiam fazer, mas não fazem, haja vista gozar do mesmo sistema de coisas.

É bem verdade que os políticos sabem dessas, digamos necessidades do povo e tem conhecimento dos problemas de infraestrutura das cidades, da saúde, da educação, dos transportes, do saneamento, daquelas causas que, no dia a dia são tão caras à população. No entanto, não mostram a cara, não sabemos quais são os seus projetos e se os tem, com quais estão comprometidos, quem financia as suas campanhas, quem são os seus “deuses”, enfim, falta transparência.

Outro dia, passando por uma determinada rua, em Juazeiro, involuntariamente, me deparei com uma cena meio trágica: a biblioteca pública, localizada em frente à câmara de vereadores, entregue ao lixo, ao mato, ao descaso e, talvez, ao pior dos infortúnios, a não utilização do espaço para os fins que fora instalada. É para isso que serve os políticos, se não fossem, de ocasião: denunciar e fiscalizar aquilo que é nobre ao ser humano e o faz crescer.

Como disse Nelson Rodrigues: “Em muitos casos, a raiva contra o subdesenvolvimento é profissional. Uns morrem de fome, outros vivem dela, com generosa abundância...” pois, “muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos.”

Edimário Alves Machado - Advogado