Lavadeira na beira do Rio São Francisco
FOTO EUVALDO MACEDO FILHO
Acervo Euvaldo Macedo Filho é um projeto selecionado pelo Rumos Itaú Cultural e idealizado pelo professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), Elson Rabelo. Fotógrafo e escritor, Euvaldo se dedicou ao registro do cotidiano e das transformações da paisagem da região do Vale do São Francisco na década de 1970 e começo dos anos 1980. O material digitalizado soma aproximadamente oito mil imagens, entre negativos fotográficos, fotos impressas e slides, além de produções em poesia, agora disponibilizados na web.
“Cada homem vem à terra com uma missão. Poucos são os que conseguem vislumbrar qual é a missão. A minha foi fotografar”. Essa frase é do fotógrafo e poeta Euvaldo Macedo Filho que, apesar da morte precoce, aos 30 anos, deixou um acervo rico de quase oito mil itens. A partir de 20 de agosto, eles estarão disponíveis na internet (www.euvaldomacedo.com), resultado de um projeto de catalogação e digitalização de suas obras. O lançamento acontece às 18h daquele dia no Campus de Juazeiro da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), acompanhado de um bate-papo com Odomaria Bandeira, viúva de Euvaldo, e amigos da época. Ainda, em meados de setembro, sai da gráfica um catálogo do acervo, com textos explicativos sobre as etapas de todo o trabalho realizado durante o projeto e com uma seleção de fotos inéditas.
O fascínio antropológico pelos personagens do sertão, suas festas, práticas religiosas, como a penitência e as procissões, as brincadeiras infantis retratadas nos banhos de rio, as viagens em navio a vapor pelo rio São Francisco estavam presentes na sua fotografia. Assim, seu trabalho se constituiu especialmente a partir de sucessivas viagens por aquele rio, pelo oeste baiano e por pequenas cidades dos sertões da Bahia, Pernambuco, Paraíba, Ceará e Piauí – compondo um leque abrangente de paisagens e pessoas.
Todo este universo está em Acervo Euvaldo Macedo Filho, idealizado por Elson Rabelo, professor adjunto do Colegiado de Artes Visuais e do Curso de Licenciatura em História da UNIVASF e contemplado pelo Rumos Itaú Cultural 2015-2016. É composto por 488 diapositivos, mais conhecidos como slides, 509 fotos impressas de tamanhos distintos e para diferentes fins, como exposições, e mais de 6,6 mil negativos, além de folhas e cadernos com poemas – um achado que revela mais uma face do artista. A maioria das obras que compõe o acervo é inédita e estava guardada em baús, na residência de sua família.
O Projeto
Ao incorporar as temáticas sociais do fotojornalismo, Macedo as mesclava com sua admiração pela arte e pela literatura moderna. Acervo Euvaldo Macedo Filho procurou respeitar e tornar visível esse aspecto multifacetado do artista e de sua obra, ao recuperar desde as mínimas notas de trabalho de Euvaldo até as fotos publicadas ou expostas. Entretanto, a maior parte do material disponibilizado para visualização no website é inédita conferindo ainda mais valor a essa produção artística.
“Acervo Euvaldo Macedo Filho surgiu do temor ante a possibilidade de perda de sua importante obra fotográfica”, conta Elson Rabelo. Uma das motivações foi que as fotos e textos produzidos pelo artista baiano não se perdessem, fosse no sentido material, pois seus componentes físicos são naturalmente passíveis de degradação, fosse no que se refere à memória cultural e aos desdobramentos contemporâneos que ela pode ter, na sua diversidade de usos e acessos.
A ideia surgiu em 2015, com o intuito de recuperar a obra do artista. Contando com o apoio do Rumos Itaú Cultural 2015-2016 e com a parceria entre a Abajur Soluções Artísticas e a UNIVASF, nesse período cumpriu-se as diferentes etapas que integram a recuperação de um acervo: o diagnóstico do estado de conservação, a aquisição de materiais e equipamentos adequados, a catalogação dos escritos e das imagens, a oficina de higienização, a higienização dos diferentes suportes, a digitalização, a criação do banco de dados e do website.
Sobre Euvaldo Macedo Filho
Poeta, fotógrafo, cineasta, compositor e agitador cultural, nascido em 1952 e falecido em 1982, em Juazeiro da Bahia, após curta temporada de estudos em Salvador, ele passou a se dedicar quase que integralmente à poesia e à fotografia, a partir da metade dos anos 1970, quando retornou a sua cidade natal. Em Juazeiro, participou dos grupos artísticos locais, como o Grupo Êxodus e o Círculo de Convivência Cultural, os quais impulsionavam a produção artística em diversas linguagens, como a poesia, o teatro e a música.
Em sua trajetória artística, Euvaldo publicou sua poesia em coletâneas locais e conseguiu inserir seu trabalho fotográfico em importantes veículos de divulgação e legitimação, expondo em espaços institucionais, em Juazeiro, Salvador e São Paulo, e publicação em revistas e catálogos nacionais e internacionais, entre eles: Presença da Criança nas Américas, da UNICEF, em 1980.
Fez parte do Grupo de Fotógrafos da Bahia, também conhecido como FotoBahia, participando em dois anos consecutivos, 1979 e 1980, com fotos em exposições e catálogo desse movimento decisivo de profissionalização e de afirmação da fotografia baiana.
Sobre o Rumos Itaú Cultural
O Itaú Cultural mantém o programa Rumos desde 1997. Este que é um dos primeiros editais do Brasil para a produção e a difusão de trabalhos de artistas, produtores e pesquisadores brasileiros, já ultrapassou os 52 mil projetos inscritos vindos de todos os estados do país e do exterior. Destes, foram contempladas mais de 1,3 mil propostas nas cinco regiões brasileiras, que receberam o apoio do instituto para o desenvolvimento dos projetos selecionados nas mais diversas áreas de expressão ou de pesquisa.
Os trabalhos resultantes da seleção de todas as edições foram vistos por mais de 6 milhões de pessoas em todo o país. Além disso, mais de mil emissoras de rádio e televisão parceiras divulgaram os trabalhos selecionados.
Nesta edição de 2017-2018, os 12.616 projetos inscritos foram examinados, em uma primeira fase seletiva, por uma comissão composta por 40 avaliadores contratados pelo instituto entre as mais diversas áreas de atuação e regiões do país.
Em seguida, passaram por um profundo processo de avaliação e análise por uma Comissão de Seleção multidisciplinar, formada por 21 profissionais que se inter-relacionam com a cultura brasileira, incluindo gestores da própria instituição. Após esse processo, foram selecionados 109 projetos.
SERVIÇO:
Rumos Itaú Cultural 2015-2016
Acervo Euvaldo Macedo Filho
Lançamento da plataforma digital: www.euvaldomacedo.com
Dia 20 de agosto
Às 18h
Local: Prédio de Artes da Universidade Federal do Vale do São Francisco/ Campus Juazeiro
Av. Antônio C. Magalhães, 510, Country Club
Juazeiro (BA)
Classificação indicativa: livre
Entrada gratuita
Assessoria de imprensa:
Conteúdo Comunicação
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4 comentários
17 de Aug / 2018 às 09h58
que bela recordação. Se bem me lembro, a minha amiga D. Elzira que morava no bairro Santo Antonio.
17 de Aug / 2018 às 11h23
Um monumental acervo cultural que revela em suas diversas matizes o talento e o sonho de uma geração. Juazeiro, sua gente e o rio são Francisco São temas recorrentes desse grande artista que trazia na sua lente e em suas poesias uma luz inconfundível. Parabéns a Odomaria e equipe por esse grande feito.
17 de Aug / 2018 às 13h05
Que obra documental maravilhosa! Estou emocionada em ver as fotografias do período de minha infância, de alguns personagens que fizeram história em nossa cidade. O Cais com a sua antiga e linda balaustrada. Poxa! Parabéns a Euvaldo Macedo "in memoriam" que soube captar com grande sensibilidade o cotidiano de Juazeiro naquela época. Ver fotografias inéditas de Dedé, irmão de João Gilberto, de João Doido e outros, é uma vasta viagem. Como bem disse Euvaldo: Meus olhos veem a poesia e a tragédia. Só que eu prefiro a poesia.
17 de Aug / 2018 às 17h19
MAIÚSCULA MATÉRIA DO BLOG. MERECE TODOS OS APLAUSOS, COMO DIGO, DE PÉ. PAULO, EU TAMBÉM ACHEI PARECIDA MESMO COM NOSSA QUERIDA, ELZIRA! SENSACIONAL! GOSTEI.