ARTIGO – PROCLAMADA A “REPÚBLICA DOS PODEROSOS”?

São muitas as experiências positivas neste país que poderiam permitir à nossa sociedade uma convivência mais feliz e menos resignada, permitindo-se extravasar um sentimento latente de otimismo e alegria de maneira mais constante, e não somente durante as festas de carnaval, junina e Copa do Mundo. Inversamente, contudo, esse propósito é atropelado a todo instante por acontecimentos marcados por desafiadoras atitudes negativas no campo político-administrativo-judicial, estimuladoras de uma energia recheada de desânimo e desesperança.

A recente e legítima paralisação dos caminhoneiros, que demonstrou para todos a que nível de estagnação pode ser conduzida a economia nacional e as consequências graves advindas à vida de cada um, permitiu ao cidadão comum uma avaliação das lições efetivas extraídas do Movimento, mas cujos ensinamentos, parece, somente o Governo não assimilou convenientemente. Adotar medidas paliativas e enganadoras para suspender a Greve, mas já dizendo que o Diesel terá um congelamento de apenas 60 dias, não me parece sensato ou que estejam levando a coisa a sério!

Por que não determinou à Petrobrás um rigoroso reestudo dos custos efetivos para assim fixar o seu preço real e impedir o possível retorno de nova paralisação? Reduzir 0,46 centavos no preço/litro, retirando o percentual incidente da CIDE cuja arrecadação era repassada em milhões de reais para os Estados - verba imediatamente suspensa -, e com destinação específica para manutenção das rodovias estaduais, é compensar a receita perdida punindo a população dos Estados e aos próprios caminhoneiros, estes os principais usuários das estradas!

Esse episódio, porém, não é único no amplo contexto atual dos fatos que estimulam cenas de desamor ao país, inclusive gerando tristes manifestações da vontade de muitos brasileiros em deixar o país, descrentes de que algo possa produzir uma reversão profunda no caráter e na dignidade daqueles que comandam este país.

Como não lembrar que o Rio de Janeiro tem salários atrasados a mais de 200 mil servidores, desde 2017, mas o Tribunal de Justiça do Estado mantém uma Academia de ginástica EXCLUSIVA para juízes, desembargadores e seus familiares, ao custo anual de R$ 4,8 milhões! Não seria isso uma mordomia inconsequente?

Como não achar surpreendente que juízes julguem e condenem réus por corrupção e sempre o mesmo Ministro do Supremo Tribunal Federal concede Habeas Corpus, já tendo soltado 20 condenados, alguns pela 2ª. vez, passando a impressão de que somente S. Excia. detém o saber jurídico absoluto, com todo respeito à sua longa carreira no STF! Ou esses juízes faltaram a essa aula da qual o Exmo. Ministro participou? Se faltaram, estão perdoados, porque nada de bom aprenderiam.

Como conceber que motoristas, garçons e ascensoristas da Câmara Distrital do Distrito Federal ganhem salários mensais de R$ 12.800,00, enquanto professores com doutorado na Universidade de Brasília ganham salários bem inferior! Enquanto isso no Senado Federal tem garçons com salário de R$15.000,00! Haveria aqui, convivendo no mesmo território da República do Brasil, uma outra REPÚBLICA DOS PODEROSOS, privilegiada e independente? Ou existe alguém para discordar do óbvio?

Por mais que se pretenda dar à população brasileira um mínimo de estímulo e confiança, somos induzidos a concordar que a mudança sonhada é um processo que se depara diante de grande complexidade, visto que a sua revolta é pertinente. O ano de 2018 oferece a grande oportunidade desejada em qualquer país democrático, que é a possibilidade do próprio povo não mais reeleger os componentes indesejados no Congresso Nacional atual e eleger uma nova liderança com perfil de estadista para a Presidência da República, caso exista!

O tempo urge com velocidade e no rol dos pré-candidatos não se vislumbra um nome que se ajuste às necessidades brasileiras. É preciso acreditar que um milagre ainda venha a acontecer. E para tanto, tinha que ser um PODEROSO MILAGRE com efeito de grande impacto contra os poderosos da República!

Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público - Aposentado do Banco do Brasil – Salvador - BA.