O desabamento do Edifício Wilton Paes de Almeida, de 24 andares, ocorrido no Largo do Paissandu, em S. Paulo, na última semana, somente não se configurou como mais uma tragédia de grande proporção com a perda de centenas de vidas, porque, com o início do incêndio, houve tempo para a maioria das famílias de invasores abandoná-lo antes da implosão ocorrida em seguida ao incêndio. Mesmo diante do cenário de dor, um espetáculo dantesco foi protagonizado pelos representantes da União e do município de São Paulo nas entrevistas às televisões, que se esforçavam na tentativa de fugirem à responsabilidade pelo descaso de já decorrerem quase 20 anos sem a definição de quem é o legítimo proprietário do prédio, e este se deteriorava progressivamente por falta de manutenção. Ou seja, aquelas figuras deveriam ter ficado em casa com um travesseiro na cara e não procurando exibição num momento de infortúnio como aquele que todos viram.
Em decorrência de não ter dono definido, foi invadido pelos sem teto sob o patrocínio de lideranças que os exploram por dinheiro, vergonhosamente. E pensar que o prédio era uma construção de 1968, projetado pelo arquiteto francês Roger Zmekhol e considerado como exemplo da arquitetura moderna, o qual foi tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de São Paulo.
É chocante saber que entre edifícios, residências, galpões e terrenos espalhados pelo país e pertencentes à União, existem cerca de 18.000 imóveis, sem qualquer uso e, às vezes, em estado de total abandono, o que favorece as ocupações. Enquanto isso, no entanto, o Governo Federal desembolsa bilhões em aluguéis de prédios para funcionar os serviços públicos, em volume que corresponde a quase quatro vezes do valor repassado ao programa Minha Casa Minha Vida, de apenas R$ 2,0 bilhões. Desfazer de alguns desses ativos imobiliários visando custear a reforma e manutenção de outros imóveis utilizáveis, seria uma alternativa que reduziria custos, mas a burocracia oficial predispõe entraves a esse processo. É espantoso tudo isso!
É um absurdo incomensurável, digno da repulsa de todo o cidadão brasileiro, conceber que num país carente de mais investimentos nos campos da saúde, educação, transporte e segurança, que os recursos públicos sejam tão mal administrados, atingindo o cúmulo da irresponsabilidade total ao se construir ou alugar novos espaços para o funcionamento dos serviços públicos, ao invés de utilizar os imóveis próprios preexistentes. Talvez haja interesses subjacentes ou uma sutil intenção de alimentar o ego doentio de cada novo administrador que assume o poder.
Por outro lado, logo após empossados, via de regra exercitam a prática danosa de extinguir Secretarias e Ministérios como se estivessem iniciando uma reforma profunda e indispensável, quando, na verdade, tais instituições apenas têm o nome ou parte do nome substituídos para exibir a cara do novo governo, o mesmo acontecendo com Autarquias, Departamentos e Empresas do Estado, a exemplo do ocorrido com o DNER/DNIT, ANCARBA/IBCR/EMATERBA/EBDA, entre centenas de outros! Uma vaidosa insanidade administrativa para iludir o eleitorado!
Paralelamente a atitudes administrativas dessa natureza, recordo-me de artigo aqui publicado em 13/04/2013, sob o título “AS OBRAS INACABADAS”, onde destaquei um elevado número de obras não concluídas de creches, escolas, hospitais, viadutos, estradas, etc., mas cujos recursos foram contabilizados como aplicados. Não importando se foram na sua maioria mal aplicados... ou desviados!
As máculas dos desvios de gestão comentados cinco anos atrás permanecem imutáveis, e por isso concluo repetindo um pensamento contido naquela crônica - abril de 2013 -, indicativo de que o comprometimento moral não se alterou com o tempo: Ao final, certamente que um monumento será inaugurado para mostrar à posteridade como se desviava verba pública no passado. Quem é o culpado, ninguém sabe, porque “filho feio, não tem pai”!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público - Aposentado do Banco do Brasil – Salvador-BA.
15 comentários
06 de May / 2018 às 23h17
Valeu!!! Isso mesmo. Uma das melhores e verdadeiras que li de você. Parabéns. (Vitória da conquista-BA).
06 de May / 2018 às 23h18
Beleza, chefe! No meio da tragédia, foi dado mais enfoque a ocupação irregular do que aos outros aspectos, principalmente as vidas humanas. (Salvador-BA).
06 de May / 2018 às 23h24
Grande Cronista, bem que o titulo desse Artigo poderia ser: A TRAGEDIA NO PODER PÚBLICO, que ia combinar em muito, com tudo que aqui você discorreu. Qual a maior de todas as evidências? Eles tem horror a problemas, e quando se veem diante de algum, ficam tontos, perdidos, atônitos e sem preparo nenhum... Pena que poucos percebem isso.
07 de May / 2018 às 03h54
Não gostei do texto. O PSDB de Aesiu Pö tem 40 anos governando São Paulo? E só vemos miséria. Tenho orgulho de meu nordeste não votou em Aesiu Pó. Votei nos Trabalhadores porque os Trabalhadores trabalham dia e noite. Veja a escola de medicina em Juazeiro?
07 de May / 2018 às 04h01
Lendo blog 247 Brasil será que o prédio foi derrubado pela elite de Sao Paulo políticos dono de Rede de TV para desviar atenção do movimento 1° de maio??
07 de May / 2018 às 04h26
Há 500 anos a Direita elite banqueiros governam o Brasil escravizando os Trabalhadores?? Trabalhadores sofrem na mão de Golpistas Traidores Fariseus Vampiros Demagogo Lucifer sem segurança, saúde e educação??A sorte que hoje temos os blog para ver a verdade!!
07 de May / 2018 às 04h33
O povo do Sul não gosta de nordestinos. Lula nordestinos tá sendo julgado e preso por indivíduos racistas do Sul
07 de May / 2018 às 04h54
Brasil escravocrata Pobre sofre. Amigo você esqueceu que Temer foi lá depois da tragédia e foi expulso? O Brasil ta pior que 3 anos atras. Brasil de mentiras?
07 de May / 2018 às 05h06
Predios caindo. Hoje o Brasil ta cheio de tragédia e falsos hipócritas bandidos. Lembram quando os funcionários dos Correios pediam fora Dilma e queimavam a bandeira do PT? 5.300 serão demitidos pelo Temer!
07 de May / 2018 às 05h15
Texto bom. Mais esqueceu da mafia PAUlistana???Na ITÁLIA criaram a operação Mãos Limpas prá tirar a Máfia do Poder, no Brasil criaram a LAVA JATO prá colocar a MÁFIA NO PODER.
07 de May / 2018 às 05h57
Agenor: Além de ficar provado que não houve reforma e nem elevador, descobre-se hoje que as empresas que deram as notas fiscais falsas da tal reforma são de Curitiba, terra de Moro e Dallagnol. Fica dificil acreditar que em 2010 a OAS, uma construtora com sede em São Paulo, contrataria empresas de Curitiba para fazer uma reforma em um apartamento no Guarujá. Mas torna-se impossível acreditar nisso quando sabe-se que a reforma nunca aconteceu, ou seja, são notas fiscais frias. Lula foi condenado por uma reforma que não aconteceu em um apartamento que não é dele
07 de May / 2018 às 07h26
Muito bem pontuada a nossa realidade. (Salvador-BA).
07 de May / 2018 às 07h56
Agenor, ao leitor, você passa a impressão que esteve no local dos acontecimentos. Isto é possível, para pessoas “antenadas” como você é, que não se permite a deixar de enxergar as coisas que acontecem além da divisa do seu Bairro, Município, Divisa do seu Estado ou a divisa do seu País. Faço duas observações, mesmo sem ter a mínima pretensão de alterar ou corrigir: 1) O ideal é que artigo tivesse o titulo de “A TRAGÉDIA DO PAISSANDÚ”, ao contrario “DA”. 2) Quando você diz: “Autarquias, Departamentos e Empresas do Estado”, sem nenhum medo de errar, eu incluiria a também a União. Parabéns!!!!!
07 de May / 2018 às 08h12
Agenor, suas palavras foram certeiras e totalmente adequadas a realidade da caótica administração pública brasileira. E relendo a crônica que você se refere de 13/04/2013, sinto uma angústia por ver uma situação que se arrasta governo após governo, e que bradam que a democracia brasileira é uma realidade. Sinceramente, não acredito nisto. O que temos é o domínio da burocracia política para proteger os seus apaniguados. Mudam apenas os reis, o reinado é o mesmo. Inclusive com a vergonhosa e insana atividade dos ditos movimentos sociais. FOZ DO IGUAÇU-PR
08 de May / 2018 às 15h34
Com certeza, se os governos Federal, do Estado e da capital de São Paulo não fossem do PMDB e PSDB a conotação dos noticiários desse citado fato, seria bem diferente!... Mostrando assim como a imprensa da elite econômica, aliada desses partidos, e seus respectivos defensores, maquiam dados e manipulam conteúdo!