ARTIGO - AL-JAZEERA, HOFFMANN E O GOLPE

Haveria a mesma reação se, ao invés da Al-Jazeera, a senadora Gleisi Hoffmann tivesse se dirigido à BBC, ao The Washington Post, ao Le Fígaro, ou qualquer outro veículo do dito “ocidente civilizado”? Estarão os críticos da senadora associando o canal de televisão mais importante do mundo árabe à prática do terrorismo? Se a resposta for afirmativa, teremos um flagrante caso de xenofobia ou, no mínimo, um surto de burrinite aguda.

É evidente que a questão toda passa pelo depoimento que a petista gravou para o canal árabe, escancarando o golpe aos quatro cantos do mundo, algo que, aliás, ela fez muito bem.

Teria ela dito alguma inverdade? Por acaso, é mentira que o Brasil sofreu um golpe de Estado? Que tivemos uma Presidente da República deposta simplesmente por não haver cedido às pressões de um Congresso corrupto e “descolado” da vida do povo? Que temos um ex-Presidente da República preso, sem prova de crime algum, apenas para que ele não participe do processo eleitoral? Por acaso é mentira que a rede Globo de televisão e a Casa Branca, como em outros tempos, são as maiores fiadoras desse pacto nefando que está em curso?

Tem golpista acusando a senadora petista de atentado à segurança nacional (aliás, de segurança nacional os golpistas bem entendem, pois foi em nome dela que durante a ditadura eles mataram e torturaram os opositores do sistema).

Atentado à segurança nacional é o rompimento da ordem democrática imposto pelos golpistas; atentado à segurança nacional é o ódio que sistematicamente vendo sendo instigado pelos discursos preconceituosos e fascistas, via de regra acobertados pela mídia burguesa e serva do grande capital; atentado à segurança nacional é a entrega dos recursos estratégicos do Brasil ao capital internacional (vide Aquífero Guarani, Eletrobrás, Amazônia, etc.); atentado à segurança nacional é o aumento da fome e do desemprego, provocado pela política perversa e anti-pobre do governo golpista de Temer.

PS. Não há dúvida de que a declaração da senadora de que o ex-presidente Lula apoiou a autonomia da Palestina também desagradou os lacaios da política de Israel e de Washington.

José Gonçalves do Nascimento

jotagonç[email protected]