A troca de conhecimentos durante o 8º Fórum Mundial da Água, que começou ontem (18) e vai até o dia 23 deste mês, em Brasília, pode ajudar o Brasil a criar uma política nacional de prevenção à escassez hídrica. Essa é a opinião do coordenador temático do fórum, Jorge Werneck, que também é diretor da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa) e pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Na avaliação dele, apesar de 19% da oferta mundial de água estarem no país, é um equívoco pensar que o Brasil tem abundância. “E quando há fartura, ninguém se preocupa muito”, disse. O especialista alerta que com as mudanças climáticas, as chuvas tornaram-se irregulares nos últimos dez anos, paralelamente ao processo de migração do campo, ocupações desordenadas e o uso crescente de água na produção agrícola. Desta forma, algumas cidades passaram a enfrentar uma crise hídrica, como é o caso de Brasília e São Paulo.
”A gente está vivendo um processo de urbanização muito grande com comunidades se juntando, em alguns locais temos os polos agrícolas com altas tecnologias baseadas em mecanismos de irrigação de grande parte do país onde não chove bastante como, por exemplo, no Nordeste”, disse, ressaltando que na região existem áreas onde não chove há seis anos.
Werneck informou que a Embrapa irá apresentar, no dia 22 de março, a nova versão do Irrigaweb, ferramenta de capacitação em uso e manejo da irrigação, criada em 2015 e coordenada atualmente pela Embrapa Milho e Sorgo. Neste ano, o IrrigaWeb está programado para o período de agosto a dezembro.
O pesquisador observou que quando o produtor perde uma safra, por exemplo, isto representa desperdício de água, pois será necessário usar novo volume de água para se ter uma outra safra, o que torna o manejo cada vez mais importante.
No Fórum, a Embrapa apresentará ainda a metodologia de mapeamento de serviços ecossistêmicos, cujo objetivo é auxiliar na gestão do território, contribuindo para melhoria da produção agrícola, de fibras, de energia levando-se em conta os impactos dessa atividade para a produção de água, estoque de carbono e manutenção da biodiversidade.
”A gente tem buscado dentro da Embrapa desenvolver ferramentas que nos ajudem a fazer a agricultura cada vez mais sustentável de forma que a gente minimize os potenciais impacto ao meio ambiente”, enfatizou Werneck.
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