ARTIGO: Dom Malan, dos Bororos à Catedral
Quando nesta segunda-feira, 16 de dezembro de 2019, estivermos agradecendo a Deus o centésimo quinquagésimo quinto aniversário de nascimento de Antonio Maria Malan, essas mesmas graças e louvores também serão ouvidas com festa e flores nos distantes campos da região Centro – Oeste do Brasil. Se por aqui este italiano de São Paulo de Coni escreveu seu nome como o primeiro bispo de Petrolina, deixando para a posteridade uma obra fundamental nas áreas religiosa, educacional e de saúde, foi como padre Malan que ele ficou conhecido nos sertões indígenas de Mato Grosso. O primeiro inspetor da Missão Salesiana que fundou colégios em Cuiabá e Corumbá, as escolas agrícolas de Coxipó da Ponte e Palmeiras além das missões do Sagrado Coração do Rio Barreiro, da Imaculada no Rio das Garças e de São José no Sangradouro.
Em 1895, com as recém-chegadas Filhas de Maria Auxiliadora, assume os trabalhos à frente dos Salesianos junto aos índios Bororos, às margens do Rio São Lourenço na Colônia Teresa Cristina. Um projeto de educação que ensinava música, português, matemática, prática agrícola e ciências, além de promover a evangelização. Segundo a historiadora Maria Isabel Ribeiro Lenzi, esse projeto se tornaria conhecido em todo Brasil em 1908, quando da realização, no Rio de Janeiro, da Exposição Nacional que comemorou o Centenário da Abertura dos Portos às Nações Amigas. O padre Malan, depois de uma turnê por várias cidades do Sudeste, chega a então capital do país trazendo uma banda de música formada por crianças indígenas da Missão Salesiana Sagrado Coração do Rio Barreiro. A banda, com 21 índios Bororos, tocou no Teatro João Caetano, na Câmara dos Deputados, no Senado e, diante do presidente Afonso Pena, no Palácio do Catete, então sede da Presidência da República. Interpretações impecáveis de temas clássicos, inclusive o Hino Nacional, chamaram a atenção para a causa indígena e figuraram nos principais jornais da imprensa à época...