Cultura popular é feita na base da teimosia, diz militante quilombola
Aiuê de São Benedito. Festa da Capina. Marambiré. Suça…Graças ao interesse e ao empenho de grupos populares, um amplo conjunto de manifestações culturais tradicionais ainda pode ser apreciado por todo o Brasil. Identificadas exatamente por suas “práticas cotidianas de resistência na manutenção e reprodução de seus modos de vida”, as comunidades remanescentes de antigos quilombos tornaram-se uma das últimas trincheiras não só a preservar, mas também a vivenciar muitas destas tradições transmitidas de geração em geração.
Segundo a secretária executiva da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq), Selma dos Santos Dealdina, os folguedos, os ciclos festivos, as danças típicas e outras formas de expressão cultural cumprem um importante papel de coesão social, sendo um componente fundamental para o processo de identificação e reconhecimento das comunidades quilombolas. Além disso, respeitadas suas características, podem tornar-se uma fonte de renda a mais para as comunidades. Tanto que a Conaq pretende pedir apoio federal para mapear os eventos que ocorrem nos quilombos de todo o país a fim de divulgá-los e, assim, atrair quem, por exemplo, se dispuser a acompanhar parte do Ciclo do Marabaixo, em Macapá; dançar ao som dos tambores durante uma das muitas festas dedicadas a Santa Bárbara ou a provar dos pratos típicos da comunidade quilombola Kalunga, em Cavalcante (GO), durante a Romaria de Nossa Senhora da Abadia...