ARTIGO - O ROMEIRO
O romeiro é um farol sempre vigilante a dissipar a insistente escuridão que ainda teima em esconder o horizonte. Ele é todo regozijo, satisfação, entusiasmo, exultação, deleite, felicidade. No seu passo lento e concentrado está a chama ardente da esperança; no seu silêncio mais contido está o grito epifânico da vitória; no seu rosto compungido está o pulsar eufórico da alegria. Ele nunca está triste, abatido, desesperado, pois sabe que para além de todas as adversidades possíveis há algo maior a que recorrer.
O romeiro é um iluminado. Seus pés arrastam luz por onde quer que andem; suas mãos semeiam estrelas que tornam o cotidiano menos sisudo; seus olhos têm o brilho do sol em dias de verão. Tamanha é a intensidade da sua luz que por onde ela passa costuma deixar marcas indeléveis. Marcas à primeira vista insignificantes, frágeis, desprovidas de brilho, mas que acabam lançando raízes, formando bases, criando histórias. Uma cruz, uma escada de pedra, uma imagem sem cabeça podem ser o suficiente para moldar um povo, forjar uma cultura, firmar uma identidade...