ARTIGO – A TRAGÉDIA E O PODER PÚBLICO
O desabamento do Edifício Wilton Paes de Almeida, de 24 andares, ocorrido no Largo do Paissandu, em S. Paulo, na última semana, somente não se configurou como mais uma tragédia de grande proporção com a perda de centenas de vidas, porque, com o início do incêndio, houve tempo para a maioria das famílias de invasores abandoná-lo antes da implosão ocorrida em seguida ao incêndio. Mesmo diante do cenário de dor, um espetáculo dantesco foi protagonizado pelos representantes da União e do município de São Paulo nas entrevistas às televisões, que se esforçavam na tentativa de fugirem à responsabilidade pelo descaso de já decorrerem quase 20 anos sem a definição de quem é o legítimo proprietário do prédio, e este se deteriorava progressivamente por falta de manutenção. Ou seja, aquelas figuras deveriam ter ficado em casa com um travesseiro na cara e não procurando exibição num momento de infortúnio como aquele que todos viram.
Em decorrência de não ter dono definido, foi invadido pelos sem teto sob o patrocínio de lideranças que os exploram por dinheiro, vergonhosamente. E pensar que o prédio era uma construção de 1968, projetado pelo arquiteto francês Roger Zmekhol e considerado como exemplo da arquitetura moderna, o qual foi tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de São Paulo. ..