A vida do povo nordestino pelas mãos e tintas de J. Borges
Uma rotina que começa logo cedo, às 7h, quando ele cruza o quintal da sua casa e se instala na oficina de xilogravura. Sai às 11h para almoçar e retorna às 14h, recolhendo-se no final da tarde para o descanso noturno. Assim é o dia a dia de J. Borges, um dos patrimônios vivos da cultura pernambucana e autor de cordéis clássicos como A mulher que vendia cabelo e A chegada de prostituta no céu. Aos 82 anos, 61 dedicados à arte, ele continua produzindo com a mesma vitalidade de quando começou. “Na morte eu não penso. Quando termino aqui, penso em trabalhar no outro dia”, ensina J. Borges.
Diante de uma mesa com pilhas de pedaços de umburana (madeira macia), J. Borges talha uma por uma, dando forma a incontáveis croquis de xilogravuras, que ganham cor pelas mãos dos seus discípulos: filhos, netos, genros, noras e até cunhado. E por falar em herdeiros, cinco dos 24 filhos de J. Borges – 18 de sangue e seis adotivos – já ganham a vida com a arte aprendida com o pai. Quem encontrar por aí xilogravuras com sobrenome Borges e prenomes como Manacés, George, José Miguel Pablo ou Ivan, pode adquiri-las sem medo porque tem o DNA de J. Borges...