Tenho o entendimento de que a Rede Globo não foi muito feliz na formulação da chamada para que o cidadão, de qualquer parte do país, grave um vídeo manifestando o seu sentimento e expectativa sobre “QUE BRASIL VOCÊ QUER PARA O FUTURO?”, quando, o correto, seria manifestar “QUE BRASIL VOCÊ QUER PARA O PRESENTE?”. Com todo o seu extraordinário poder de penetração, e a prova disso foi o nível de adesão obtido, daria uma contribuição muito maior se tivesse oportunizado que o povo manifestasse a sua desilusão e protesto quanto ao Brasil do presente, mergulhado na podridão de tantos assaltos aos cofres públicos, na prevalência dos interesses pessoais sobre os nacionais e na proliferação de atos de improbidade de toda ordem. Isso para não falar da impunidade criminal que era uma regra quase histórica, onde havia leniência com os crimes grandes e absurda condescendência com os criminosos grandes. Esse privilégio, felizmente, está sendo interrompido a partir da chegada da Operação Lava-Jato. Que o digam os todo-poderosos de ontem e presidiários de hoje.
A propósito, é impositivo dizer que não se pode pensar ou falar do futuro sem começar a construí-lo a partir do presente, através de um processo de rigorosa transformação de regras comportamentais e profundas mudanças institucionais, sem perder de vista, obviamente e em nenhum momento, os direitos e princípios democráticos legais. Que futuro podemos imaginar para as próximas gerações se a geração do presente não assumir as suas responsabilidades? Uma verdade insofismável foi dita pelo escritor russo, de origem ucraniana, Nicolau Gogol: “o futuro chegará sozinho, inesperadamente. É tolo quem pensa no futuro antes de pensar no presente” (ALMAS MORTAS, 1842). Essa verdade profunda merece a nossa reflexão. Não sejamos os tolos dessa história que está sendo escrita com tinta fosca e rebuscada dos piores exemplos...