Hoje, apesar de ser um dia memorável, não há o que comemorar no dia da mulher! Não há o que comemorar, quando à cada 11 minutos uma mulher é estuprada no nosso país, e a maior parte da população ainda acha que a culpa é da vítima. Não há o que comemorar, se à cada 7 minutos uma mulher é agredida no Brasil (baseado em dados das denúncias, pois a maioria não denuncia por medo ou incompreensão da violência sofrida).
Não há o que comemorar, se diariamente milhares de mulheres morrem em clínicas clandestinas de abortos (a maioria negra e pobre), enquanto por aí homens abortam filhos já nascidos e nada acontece.
Não há o que comemorar quando é o Estado que define o que a mulher deve fazer com o seu corpo, e se ela deve ou não ter filhos. Não há o que comemorar se quando uma mulher é agredida, a maior parte
da sociedade acredita que ela "gosta de apanhar" ou "pediu por isso". Não há o que comemorar em meio a uma sociedade que julga mais fácil acreditar que uma mulher é "louca" ou "vingativa", ao invés de
acreditar que ela sofreu violência doméstica.
Não há o que comemorar, se hoje, nesse exato momento, milhares de mulheres, crianças e adolescentes sofrem abuso sexual, e a maior parte de seus algozes são de familiares, pais ou padrastos. Não há o que comemorar se a maior parte das mulheres é marginalizada no mercado de trabalho por ser mãe, e simplesmente por ser mulher, seu reconhecimento e remuneração é bem abaixo do que os homens que ocupam o mesmo lugar no mercado, exercendo as mesmas funções. Não há o que comemorar se mais de 90% das universidades públicas não possuem políticas de assistência estudantil que atendam as mães, para que estas possam ter com quem deixar seus filhos para estudar, ou tenham condições financeiras para se manter na universidade. A maioria inclusive é humilhada ao ter de levar seus filhos na universidade, pois este acaba se tornando mais um espaço excludente das mães. Não há o que comemorar se os homens vêem o corpo da mulher como sua propriedade...