Tanto para um lado como para o outro, vai demandar algum tempo para que as consequências traumáticas do último fato político de grande impacto nacional e internacional sejam absorvidas. Todos sabem que não é uma coisa simples tirar do poder um Presidente da República, ainda que repleto de culpas sobre as costas. Já comentei aqui que as “pedaladas” foram um motivo ligeiramente fútil encontrado pelo ex-Presidente da Câmara Eduardo Cunha, mas que, mesmo se constituindo numa prática revestida de ilegalidade, se pendurar um chocalho no pescoço de Prefeitos e Governadores, ninguém mais dorme neste país. Há outras implicações graves que foram desprezadas na formação do processo inicial, que justificariam muito mais o impeachment.
Parece muito ingênuo a qualquer analista, que uma candidata à reeleição no cargo de Presidente da República tenha se utilizado de um eficiente trabalho de marketing para maquiar os números da economia, enganar com sucesso a população no pleito eleitoral e, logo depois de empossada, essa mesma economia entre abruptamente em colapso, e tudo fique por isso mesmo como a coisa mais natural do mundo! Houve na campanha o uso de táticas de mentiras, falsidades, enganações, ocultação da realidade econômica. Num espaço muito curto de tempo toda a realidade veio à tona, transformando um quadro nacional de aparente otimismo e prosperidade, em inflação, desemprego e recessão econômica. Some-se a isso a interminável sequência de escândalos envolvendo líderes políticos do alto escalão do governo pela usurpação e desmonte de uma estatal com a grandeza da Petrobrás, destruindo-a sem dó nem piedade, que o digam os prejuízos dantescos do seu último balanço. Não se ludibria e ilude um povo assim, sem arcar com o ônus e as consequências dos seus atos diretos ou indiretos...