O presidente do bloco Filhos de Zaze, o primeiro Afoxé de Juazeiro, José Rosa, representante da área de cultura no Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (Compir), junto com seu filho, sofreram uma abordagem violenta por parte da Polícia Militar, no bairro do Kidé, no último dia 23 de março, na porta de sua casa. O caso foi denunciado à Delegacia de Juazeiro, no dia 31 de março, bem como ao Ministério Público no último dia 03 de abril. O caso está sendo acompanhado por uma rede de advogados colaboradores do Compir e demais seguimentos culturais da sociedade civil.
Os fatos
O fato aconteceu por volta das 23:55 horas, quando seu filho foi abordado pela Rondesp, a poucos metros de sua casa. Ao reconhecê-lo, José Rosa procurou o policial mais próximo e avisou que se tratava do seu filho e que ele morava ali – José Rosa estava em frente ao portão de sua casa. O policial o mandou calar a boca, ao mesmo tempo em que o policial que realizava a revista em seu filho apertou os braços do rapaz para trás FAZENDO COM QUE O SEU CORPO SE CURVASSE TAMBÉM, provocando mais dor e pressão, afirmando que ele estava sofrendo aquilo porque o seu pai havia interferido na revista e se utilizouda frase "AGRADEÇA AO SEU PAI POR ISSO". Ou seja, provocou o pai do rapaz por este ter apenas identificado seu filho na revista.
José Rosa insistiu que soltassem seu filho, que ele morava ali. Essa atitude resultou na ameaça de prisão, tentativa de invasão do seu domicílio, como se não bastasse, ainda o deixou sob a mira de uma arma, engatilhada várias vezes, no portão de sua casa, sendo xingado com várias palavras de baixo calão. Um dos policiais bateu fortemente no portão de aço até danificá-lo. Enquanto isso, seu filho foi colocado fora de sua visão, atrás do carro oficial que fazia a revista, ao mesmo tempo em que o policial repetia, insistentemente, a mesma frase:“AGRADEÇA AO SEU PAI POR ISSO”. A frase era recorrente por pura e simplesmente o pai perguntar o porquê do filho estar sendo abordado daquela maneira.
Outros casos
O Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (Compir) repudia veementemente esta forma de abordagem e exige providências por parte da Polícia Militar de Juazeiro, para que investigue o caso ocorrido com a sua corporação, pois a polícia civil fará a parte dela. É importante ressaltar que essa não foi a primeira denúncia recebida pelo Compir com relação a irregularidades na abordagem. Durante o carnaval, a família da Professora Neide Tomaz foi brutalmente agredida durante uma abordagem policial. Logo depois ocorreu um caso semelhante na Comunidade do Salitre.
O Compir está recebendo várias queixas dessa natureza, por meio dos seus canais de comunicação. As principais vítimas são cidadãos negros, o que tem configurado uma ação seletiva contra esse segmento majoritário da população juazeirense: 73% das/dos juazeirenses são negras/os (pretas/os e pardas/os, de acordo com o IBGE).
O trabalho da polícia deve ser de guardiã de direitos constitucionais. Este Conselho de Promoção da Igualdade Racial entende que o grande número de denúncias relativas à violência policial em Juazeiro impõe a união de esforços entre município, Governo do Estado, Comando da Polícia Militar da Bahia e o Comando Regional Norte da Polícia em Juazeiro, no sentido de apurar a extensão do problema e, a partir daí, que qualquer evidência de racismo institucional, ilegalidade ou desvio de conduta seja devidamente investigado, para que sejam adotadas as medidas legais pertinentes.
Racismo institucional
Diversos movimentos sociais negros e não negros vem denunciando essa situação; estudos oficiais nacionais e internacionais apontam, há décadas, que, neste cenário de arbitrariedade, a população negra é a mais atingida pelo seletivismo e racismo na escolha das/dos destinatárias/os das medidas ilegais de controle social e punição exercidas pelos diversos órgãos responsáveis pela repressão exercida pelo Estado.
É urgente que o Estado brasileiro reconheça que em todas as suas instâncias se verifica a presença de racismo institucional que orienta de forma perversa e ilegal a prática de aplicação desigual e racista da lei, terminando por naturalizar a reprodução impune de violências e violações de direitos destinadas à população negra. Entendemos que o racismo institucional estrutura o aparato dos serviços públicos da nossa sociedade e consiste na prática reiterada de instituições e organizações em descumprir o princípio básico do tratamento igualitário. Deste modo há uma grande desigualdade nos serviços oferecidos às pessoas por causa da sua cor, cultura ou origem étnica.
Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial de Juazeiro - COMPIR
Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial de Juazeiro - COMPIR
17 comentários
04 de Apr / 2017 às 15h48
Será que se fosse o comandante eles fariam dessa forma?
04 de Apr / 2017 às 16h05
Zé Rosa Zé Rosa, vc pode ter o corpo fechado, mas cara tu mexeu em vespeiro... Tome cuidado irmão Que Oxalá te proteja
04 de Apr / 2017 às 16h34
varios policiais fazem isso eles querem ate entra nas casas sem a ordem da justica. ja vir isso no barro santo antonio essa cena e policiais batendo . nao sao todos policiais mais uma grande parte usam a violencia .isso vem acontecendo sempre por parte da policia militar de juazeiro.
04 de Apr / 2017 às 16h51
Vamos ouvir o outro lado. A outra versão.
04 de Apr / 2017 às 17h06
Esses policiais não aprenderão da forma correta de trabalhar.. Acha que a farda pra eles é ser dono de tudo e pai dos outros.. inclusive a rondesp.
04 de Apr / 2017 às 17h59
Em Salvador a rondesp atlântico, ou rondesp, tem a fama de chegar, chegando em cima do cidadão. em bandido chega, daquele jeito. certamente a rondesp local, quer emitar. a da capital
04 de Apr / 2017 às 18h21
Gosto, adimiro e valorizo o trabalho da RONDESP NORTE, mas sei e conheço esse cidadão de bem que é Zé Rosa, tenho plena convicção que o comando da referida cia vai apurar os fatos e punir esses maus policiais que vem desrespeitar o cidadão. Zé Rosa tamo junto meu amigo.
04 de Apr / 2017 às 18h28
Acredito que a Polícia estava fazendo o seu trabalho e se não tem nada a temer pq reagir ou se sentir ofendido por causa de uma abordagem. Não vi nenhum ato que desabone o Sr. José Rosa, que na verdade deve estar querendo mídia.
04 de Apr / 2017 às 20h03
Camila Santos, provavelmente você deve ser branca (só não é negra!) e morar em bairro de classe média pra falar tanta besteira. Como disse Romário: "Você calada é uma poetisa". Babaca!
04 de Apr / 2017 às 20h05
Triste e ignorante certos comentários vistos aqui... típicos de pessoas pobres de pensamento e sem cultura, o que mancha a imagem de Juazeiro. Com relação às abordagens, (que vêm apenas de alguns) são reflexos do racismo, despreparo e falta de cultura. Aqui é a Bahia, berço da população negra, tem que ser respeitada. Comandante Anselmo, por favor não deixe que o terror tome conta dessa cidade!
04 de Apr / 2017 às 22h04
Pronto, o tribunal foi instalado! Seria bom ouvir o outro lado, é bom demais fazer juízo de valor do que não se viu, e ouvir uma parte e condenar, isso também não seria discriminação, mesmo que tenha acontecido, o outro lado tem o direito de contar sua versão, aí sim, depois de provado, podem julgar e condenar a vontade!!
04 de Apr / 2017 às 22h34
Isso está cada dia mais comum. Os Rondespiando já acha comum bater nas pessoas .
05 de Apr / 2017 às 07h48
Olhando estes comentário e o trabalho da " RONDESP NORTE " me lembra uma polícia que a muito tempos atrás veio de SALVADOR para fazer o terror em juazeiro e não demorou muitos dias teve q ir embora . Mas isso é preocupante em juazeiro com tantas reclamações com o trabalho dessa cia. Policias trabalhe com a cabeça esqueça esta coisa de que vc é todo poderoso . porq o sistema é muito mais a cima do que vcs pensam , lembrando que uma polícia violenta só causa mais violência .Juazeiro não tem bandido para meter medo em polícia então para que esta abordagem louca ? para mostrar o q ?
05 de Apr / 2017 às 11h36
Sr. José Antônio da Silva Filho, o "tribunal" foi instaurado sim! Coloque-se no lugar de quem foi injustiçado e deixe de ironia!
05 de Apr / 2017 às 15h15
Eu estava no dia sendo um dos invouvido na arbodagem. O que Zé Rosa fez, foi o que cada cidadão deveria fazer quando se senti ameaçado por alguem que deveria nos proteger, por que o filho dele sofreu mais de os outros abordados
06 de Apr / 2017 às 09h33
lamentável. tudo: o texto da reportagem, o comportamento das pessoas, os comentários.
06 de Apr / 2017 às 18h56
Inclusive o o seu!