Existem três maneiras de olhar para as utopias. Para muitos, elas existem apenas como ideia e moram nas montanhas inacessíveis da mente; outras pessoas aceitam a sua existência, mas lutam diariamente para combatê-las; um terceiro grupo dá significado à vida por causa delas. Você sempre acreditou nelas.
Por acreditar nas utopias, você transformou uma vida de pobreza por meio da arte. Embora tenha frequentado a escola somente por um ano, soube utilizar o conhecimento prático da cultura popular para ser carpinteiro, pedreiro, poeta e xilogravurista. Com o seu fazer artístico, alcançou o que muitos artistas brasileiros não conseguiram: fez diversas exposições no Brasil (há uma atualmente no Rio de Janeiro) e em vários países, teve uma xilogravura publicada no calendário da virada do milênio da ONU, ilustrou obras de autores clássicos, a exemplo do livro dos irmãos Grimm, o de Eduardo Galeano e o de José Saramago. Recebeu o título de Patrimônio Vivo Imaterial de Pernambuco e foi agraciado com a Ordem do Mérito do Brasil.
Você sempre teve um carinho especial por nossa cidade. Publicou, em 1964, o primeiro cordel, o qual vendeu mais de cinco mil exemplares, com o título “O encontro de dois vaqueiros no sertão de Petrolina”. Gostava de visitar Petrolina e comer carne de bode com macaxeira.
Obrigado, J. Borges, por nos mostrar que as utopias podem descer das nuvens onde moram. Você tomou café, almoçou e jantou com elas. E foi feliz por isso.
Saudade eterna e muito orgulho de você.
Petrolina, Sertão de Pernambuco.
Colégio Plenus
Foto divulgação Museu do Pontal
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