No início deste mês, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com o Mãos Solidárias, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), lançou o projeto "Saúde, Alimentação e Comunicação: Agentes Populares para o Fortalecimento de Territórios Saudáveis e Sustentáveis".
O objetivo do projeto é fortalecer a autonomia e a luta por direitos em comunidades da periferia recifense e da região metropolitana.
Durante a pandemia, a Fiocruz e o MST se uniram para formar Agentes Populares em Saúde que atuassem no campo e na cidade para compartilhar conhecimentos e práticas de saúde, além de ações de combate à fome e de educomunicação. Agora o projeto busca ampliar o trabalho dos agentes populares e levar mais informação às pessoas que necessitam de cuidado.
Segundo Paulette Cavalcanti, que é professora, pesquisadora e coordenadora do projeto, "a proposta da Fiocruz é sempre de estar na conjuntura da saúde e o que essa conjuntura representa de questões necessárias pra serem discutidas na saúde da população como um todo. A parceria com o MST e com os movimentos sociais vem desse âmbito. A gente está podendo discutir novas formas de cuidado na saúde com os movimentos pras populações que mais precisam, para as populações vulneráveis e também numa perspectiva de garantir direitos. Direito à saúde, direito ao SUS e direitos, consequentemente, a alimentação e comunicação”, afirmou.
Os participantes se reuniram no assentamento Che Guevara, localizado na cidade de Moreno, na região metropolitana do Recife, para a formação e vivência de Agentes Populares de Desenvolvimento Territorial. Durante essa etapa, os agentes populares estudaram sobre a formação social do Brasil e os impactos dessa formação na realidade da população, com foco nas áreas de saúde, alimentação e comunicação.
Para o dirigente do MST em Pernambuco, Paulo Mansan, as lideranças dos bairros e comunidades podem auxiliar nesse trabalho, uma vez que "pensam em todo território, em outros quesitos do cuidado com a alimentação, alimentação saudável, conseguem mapear possíveis necessidades de cozinhas comunitárias, de hortas e pequenos terrenos onde seria possível fazer hortas comunitárias. Então são agentes que pensam também no cuidado com a comunidade, voltando aquela premissa de 'o povo cuidando do povo'".
Ele ressalta que uma das consequências disso é a mudança no olhar das comunidades em relação ao movimento "E isso desmistifica um pouco o que construíram em torno do MST. Mostra o MST de verdade. O MST solidário, o MST que produz alimentação saudável da terra, o MST que organiza companheiros e companheiras pra lutarem por seus direitos e também mostra uma capacidade de articulação do próprio movimento quando consegue estruturar essas parcerias com uma entidade tão importante como a Fiocruz", concluiu.
As próximas etapas do projeto envolvem a realização de hortas populares e cozinhas comunitárias, onde os agentes irão colocar em prática os conhecimentos adquiridos. Com a união do MST e da Fiocruz, o projeto pretende formar agentes populares para o fortalecimento de territórios saudáveis e sustentáveis, contribuindo para a melhoria das condições de vida e saúde de comunidades vulneráveis.
Ascom Mãos Solidárias e MST
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