Mais de 248 mil procedimentos não realizados na rede municipal de saúde de São Paulo, 30% das cirurgias eletivas de hospitais privados e filantrópicos do Estado adiadas e 20% das indústrias de equipamentos médicos paradas. Estas foram algumas das consequências dos dez dias de paralisação dos caminhoneiros na área da saúde. Sem receber medicamentos e materiais, a maioria dos hospitais e centros médicos paulistas preferiu adiar ou cancelar procedimentos não urgentes. A decisão prejudicou pacientes como a arquiteta Vânia Sousa Giminiani, de 49 anos, que tinha uma cirurgia na coluna marcada para terça-feira no Hospital Samaritano. No dia anterior ao procedimento, ela foi avisada do cancelamento. "Já tinha marcado a cirurgia nas vésperas do feriado para ter esse período para me recuperar. Minha mãe ia ajudar no cuidado dos meus filhos.
O cancelamento complicou toda a minha programação", conta ela, que sofre de cefaleia da cervical, problema que provoca dores intensas no pescoço e na cabeça. A cirurgia foi remarcada para o dia 8 de junho. A analista de recursos humanos Simone Godoy, de 44 anos, esperava havia três meses pela cirurgia de implante de prótese de silicone nas mamas. Adiantou o trabalho, pediu uma semana de folga para se recuperar e já estava em jejum, quando o hospital ligou na sexta-feira, avisando que o procedimento não seria feito. "Chorei muito e cheguei até a me questionar se era mesmo para eu fazer a cirurgia", conta. Segundo ela, o Hospital Cruz Azul avisou que não haveria medicamentos nem alimentação para pacientes de procedimentos eletivos, apenas para casos de emergência. A previsão agora, ainda não confirmada, é de que a operação ocorra no fim de semana. Ela diz ser a favor da manifestação, mas "perdeu toda a esperança nesse Brasil". Desde sexta-feira, não sai do condomínio onde mora, na Serra da Cantareira, zona norte, porque o carro não tem gasolina. Já o médico Leandro Barreto, de 37 anos, ficou realmente sem o carro...