Muito se tem dito que a corrupção, o nepotismo e o “jeitinho brasileiro´ não são invenções recentes no Brasil, mas que vem desde os primórdios do nosso descobrimento - afirmativa que corroboro plenamente -, mesmo porque há registros históricos de que na frota do nosso Descobridor Pedro Álvares Cabral veio o ilustre Escrivão Pero Vaz de Caminha, que não só cuidava do diário de bordo, onde registrava as descobertas que iam acontecendo, mas, zelosamente, numa das cartas ao Rei Dom Manuel interferiu para que libertasse da prisão o seu genro, condenado ao degredo na Ilha de São Tomé, por roubar uma igreja e ferir o padre. Ou seja, desde aquela época um certo Sr. Caminha já não caminhava pelos bons caminhos...!
Vejam o trecho final da carta, no qual o cronista faz o seu pedido carregado de adulação ao Rei: “E pois que, Senhor, é certo que tanto neste cargo que levo como em outra qualquer coisa que de Vosso serviço for, Vossa Alteza há de ser de mim muito bem servida (...bajulador nato!), a Ela peço que, por me fazer singular mercê, mande vir da ilha de São Tomé a Jorge de Osório, meu genro, o que d’Ela receberei em muita mercê. Beijo as mãos de Vossa Alteza. Deste Porto Seguro, da vossa Ilha da Vera Cruz, hoje, sexta-feira, 1º dia de maio de 1500”. Há versões que dizem ter sido um pedido de emprego para o genro, no que seria o começo do nepotismo! Sendo verdadeira a versão do preso, aí teve início o “jeitinho brasileiro”, hoje usado com muita frequência, só que a alçada agora transferida aos nossos Supremos Tribunais, e outros tais...