Entenda polêmica sobre possível arquivamento de inquérito contra Temer

O diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, deu declarações em entrevista à agência Reuters falando sobre o inquérito dos portos contra o presidente Michel Temer. Segovia afirmou que a "tendência é que a PF arquive o caso", de acordo com a agência. A entrevista publicada na sexta-feira (9) traz ainda que o diretor da PF declarou que não há indício de crime na investigação contra o presidente e que as investigações até o momento não comprovaram ter havido pagamento de propina no caso.

As declarações geraram polêmica. O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Roberto Barroso intimou o diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, a confirmar as informações. Em despacho, o ministro, que é relator do inquérito no Supremo, disse ter considerado "manifestamente imprópria", afirmando que ela pode, em tese, "caracterizar infração administrativa e até mesmo penal".

Na madrugada deste domingo (11), o G1 informou que a agência Reuters atualizou o texto com a entrevista dada por Segovia. A publicação esclarece que o diretor-geral da PF falou sobre a 'tendência' ao pedido de arquivamento, e não confirmando que a Polícia Federal iria pedir o arquivamento. Leia abaixo:

O diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, afirmou na sexta-feira, em entrevista exclusiva à Reuters, que não há indício de crime na investigação contra o presidente Michel Temer no chamado inquérito dos portos, indicando tendência de que a corporação recomende o arquivamento.

Segundo o chefe da PF, até o momento as investigações não comprovaram que houve pagamento de propina por parte de representantes da empresa Rodrimar, que opera áreas do porto de Santos (SP), para a edição do decreto que prorrogava contratos de concessão e arrendamento portuários, assinado por Temer em maio do ano passado.

Essa é a única apuração formal contra o presidente ainda em curso perante o Supremo Tribunal Federal (STF), requerida ainda pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Segovia disse à Reuters nesta sexta-feira que, nas apurações feitas, não há quaisquer indícios de que o decreto editado pelo presidente beneficiou a Rodrimar. Ele destacou que a empresa não era atingida pelo decreto, que mudou regras de concessão posteriores a 1993, o que não seria o caso dela.

"O que a gente vê é que o próprio decreto em tese não ajudou a empresa. Em tese se houve corrupção ou ato de corrupção não se tem notícia do benefício. O benefício não existiu. Não se fala e não se tem notícia ainda de dinheiro de corrupção, qual foi a ordem monetária, se é que houve, até agora não apareceu absolutamente nada que desse base de ter uma corrupção", disse Segovia.

O diretor-geral da PF também afirmou que a "principal prova obtida no inquérito", a interceptação de uma conversa entre o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor especial de Temer, e o subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Gustavo Rocha, não mostra concordância de Temer com o suposto benefício.

G1