O bom gestor não é identificado como tal apenas pelo conhecimento administrativo e senso de liderança. Possuir outras qualidades é essencial para o desempenho aceitável da função a que se submeteu ou que venha a submeter-se. Coragem e lealdade talvez sejam as principais e mais importantes das propriedades de um administrador que em diversos momentos necessitam de firmeza de espírito para enfrentar situações emocionais ou moralmente difíceis.
Muitos administradores municipais confundem o real com o irreal e em consequência disto comprometem serviços e o desenvolvimento de ações em benefício de toda a população. Agradar a gregos e troianos é uma prática a não se aplicar na administração pública. Coerência sim, seria, no mínimo, uma qualidade a ser observada e seguida no momento das decisões. Ao vender o almoço para comprar a janta o gestor está fadado ao fracasso. Chega a ser imoral ter atitudes contrárias à razão. O supérfluo não pode e não deve proceder às prioridades. Nada melhor do que uma conversa franca e participativa com os munícipes para identificar, corrigir ou construir ações que venham a ser reconhecidas pelos benefícios oferecidos ao coletivo.
Um prefeito deve, obrigatoriamente, 'ouvir e dar ouvidos' aos que clamam e realmente precisam. A política do pão e circo serve apenas como paliativo imediato, não resolve problemas, apenas contribui para maquiar e literalmente calar àqueles que olham apenas e exclusivamente para seus umbigos, além de ser uma maneira muito perigosa e inevitavelmente ímproba. Resumindo, é tapar o sol com a peneira.
Comer o bolo no dia do aniversário e passar o restante do ano apenas com o que restou da farinha de trigo não é uma opção sensata e inteligente. A teoria do cobertor curto (se cobre a cabeça, descobre os pés) tem sido defendida e utilizada por muitos chefes do executivo dos municípios; um ato irresponsável que chega a ser desumano. Enquanto uns pulam, dançam e riem, outros choram por lhe terem negado o acesso aos direitos garantidos pela Constituição.
Toda ação pública é uma forma de comunicação com a sociedade e para que a transmissão da mensagem tenha sucesso é preciso alguns cuidados, evitando que a informação seja interpretada de maneira incorreta; ou seja, a comunicação em todas as suas formas permite uma interação nos indivíduos que a fazem, gerando consequências que podem gerar aspectos positivos e aspectos negativos. Por tanto, as promoções, aquisições e outras diversas ações realizadas por um timoneiro municipal precisam ser socializadas, avaliadas e debatidas antes de serem executadas. Ao enviar uma mensagem indireta (com construção de alguma obra ou realização de algum tipo de festejo, por exemplo) é necessário ter a consciência de que a mensagem poderá não ser entendida da forma devida e gerar, consequentemente, uma série de confusões e uma resposta que não agrade o remetente.
Por Gervásio Lima
Jornalista e historiador
2 comentários
17 de Oct / 2017 às 08h10
"O supérfluo não pode e não deve proceder às prioridades." O que dizer dos gastos do Gabinete do Prefeito do município de Juazeiro com propaganda e publicidade?! Na atual gestão já foram gastos R$ 1.041.878,16, no período de janeiro a setembro/2017 (fonte Portal da Transparência), uma média de R$ 115.000,00 reais por mês. Esse recurso daria para fazer inúmeras pequenas obras de grande relevância para a sociedade. Há um limite para o uso de recursos públicos com publicidade e propaganda? Por que se gastar tanto com peças publicitárias em horário nobre? Parabéns Sr. Gervásio Lima pelo texto!
17 de Oct / 2017 às 08h35
ÓTIMAS DISSERTAÇÕES. O ADMINISTRADOR TEM QUE SER CAPAZ, IDÔNEO , CRIATIVO. ÓTIMO. AGORA O BLOG TEM GRANDES ANALISTAS. OTONIEL GONDIM VEM COM FORÇA COM O ARTIGO SOBRE OS ADMINISTRADORES PÚBLICOS NA ATUALIDADE EM JUAZEIRO? TOMARA. DÁ-LHE, OTONIEL PROFESSOR GONDIM.