Ah! Velho Chico...
“Mãe Canastra conta história para rio-menino. Dizem que lá muito longe onde se chama litoral, tem água grande. Rio-menino fica curioso, desce a serra manso, põe seus pés de água no chão de barro e entra pelo Sertão” - Pedro Raimundo Rego, Lenda da Aguas Barrentas.
Pelo Sertão, no Estado da Bahia, o rio-menino encontra Juazeiro à sua margem direita, Terra boa em que se plantando, tudo dá. A cidade dos poetas, das carrancas, de meus antepassados, a minha cidade, a qual irá receber um Parque Fluvial que lhe dará uma nova roupagem, enchendo os nossos olhos de orgulho e contentamento. Toda essa transformação se dará com os devidos cuidados com a revitalização do rio e suas margens, conforme projeto apresentado no último dia 02/10/2017 na Câmara de Vereadores de Juazeiro.
Hoje o nosso Chico completa 516 anos e vemos um quadro, deveras, perturbador. A sua vazão na barragem de Sobradinho cai para 550m³ por segundo, a menor de sua história. Mas a minha esperança como moradora desta orla e pertencente a família Almeida, que por mais de 100 anos reside nesta Avenida Carmela Dutra, é que me faz acreditar em dias melhores. Tenho uma fé viva em águas que cairão em abundância no alto São Francisco, fazendo os ribeirinhos chorar de tanta alegria em ver o rio novamente cheio, provendo o sustento de seus filhos, desde a nascente até chegar ao litoral.
E é, saudando o nosso Chico, que encerro a minha escrita com um trecho da canção de Manuca Almeida, Tito Bahiense e Marcelo Miro - “Ah! Velho Chico, se você ficar doente eu sinto a sua dor. Se você ficar contente eu vivo do seu amor. Ah! Velho Chico. Ah! Velho Chico, me conta os teus segredos, eu tenho tanto, tanto medo, de você sumir de mim.”
Texto e fotografia
Suely Almeida
Servidora Pública do TJPE
2 comentários
05 de Oct / 2017 às 08h05
Um caso sério que , além da importância dos manifestos , poemas, músicas, tem de partir para cobranças de ações enérgicas. Os políticos estiveram presentes antes dessa catástrofe que se arvorou? Onde estava, que somente. oportunamente, surgem como salvadores e fazendo encontros e seminários inúteis e apenas midiático? Cito um trecho de uma música de Targino Gondim-Otoniel Gondim: " NO CALABOUÇO ÚMIDO DOS OLHOS O PERFUME LACRIMOSO DA DOR... "
05 de Oct / 2017 às 09h09
PARABÉNS!!! SUELY, PELA BONITA HOMENAGEM PRESTADA AO NOSSO VELHO E SOFRIDO RIO SÃO FRANCISCO.