O mês de julho trouxe esperança para os pais do pequeno Rafael da Silva, de 7 meses. Ele é portador da microcefalia causada pelo Zica vírus e iniciou o tratamento de reabilitação e estimulação precoce nesta segunda-feira (04) na Unidade de Pronto Atendimento e Atenção Especializada de Petrolina (UPAE/IMIP). Sob os olhos atentos de Maria do Socorro e Ricardo Ribeiro, Rafael passou ontem pela primeira sessão de fisioterapia, e a expectativa deles é de que com esse trabalho o filho caçula possa ampliar a autonomia e a funcionalidade de alguns movimentos, já que a microcefalia prejudica o desenvolvimento psicomotor da criança.
De acordo com a fisioterapeuta Misia Ramos, o trabalho será baseado na faixa etária e no quadro clínico. “No caso de Rafael, por exemplo, que está com 7 meses, nós iremos tentar reforçar o controle da cabeça e do tronco para que ele venha a sentar. Temos um quadro global dos bebês com microcefalia que envolve, no geral, deficiência visual, espasticidade muscular e comprometimento da cognição, entre outras características. Mas, cada um tem sua individualidade e nós iremos respeitar isso”, esclarece a profissional que tem curso de Tratamento Neuroevolutivo (Conceito BOBATH), especialização em intervenção precoce e já trabalhou na AACD.
Segundo Misia o trabalho envolve diretamente a família, pois a estimulação deve continuar em casa. “Durante as sessões nós iremos ensinar os exercícios aos pais para que estes também sejam facilitadores. Buscando sempre controlar a ansiedade deles, pois cada criança tem o seu tempo. A família precisa entender que todos os avanços devem ser comemorados. Mesmo que a criança não venha a andar, que é a principal expectativa, ela pode conseguir se comunicar, o que já é uma grande conquista. Atuaremos no sentido de fortalecer essas aptidões”, garante.
A mamãe Maria do Socorro, não nega as dificuldades de ter um filho com microcefalia, mas afirma que o amor supera tudo. “Recebi a notícia após o parto e automaticamente aceitei a condição. Tive que deixar o meu emprego de babá, estou mudando de Santa Filomena para Petrolina para que ele tenha uma assistência melhor e estou correndo atrás do benefício do INSS. Tenho feito o acompanhamento dele desde o nascimento e estou muito feliz de estar começando o trabalho de reabilitação e estimulação. Espero que ele se desenvolva bastante”, revela. Mais calado, mas não menos entusiasmado, o pai Ricardo elogiou o atendimento: “acredito que com estrutura que tem a UPAE ele vai evoluir bastante. Vou até compra alguns materiais para continuar o tratamento em casa”.
Tanto o parto quando os primeiros atendimentos e exames de Rafael foram feitos no Hospital Dom Malan, também gerido pelo Instituto de Medicina Integral Pro. Fernando Figueira (IMIP), que é referência em Pernambuco no enfrentamento à microcefalia. Para a IV Macrorregião de Saúde do estado, o HDM é referência no diagnóstico da doença e a UPAE no trabalho de reabilitação e estimulação precoce. O atendimento desta semana marca o início de uma nova fase para a Unidade, resultado de muito planejamento que envolveu a compra de materiais, capacitação de profissionais e apresentação do fluxograma aos demais envolvidos. Além da fisioterapia, será disponibilizada às crianças e suas famílias uma equipe multiprofissional, que inclui fonoaudiólogo, oftalmologista, assistente social, nutricionista, terapeuta ocupacional e psicólogo.
A partir desta semana a UPAE passa a receber normalmente a demanda de crianças com o diagnóstico fechado de microcefalia. Até o dia 19 de cada mês as vagas serão disponibilizadas à VIII Gerência Regional, que será responsável por repassar as cotas às demais Geres (VII e IV).
ASSCOM
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