Há exatamente 13 anos, falávamos da falta de consciência da população para proteger e preservar o Meio Ambiente, quanto a Fauna, a nossa riquíssima Flora, nossos rios, e, principalmente o nosso querido velho Chico. Enfim, alertávamos que, mexer e maltratar de forma desordenada a natureza, é mexer com a nossa própria vida.
O Ambiente em que respiramos, moramos, trabalhamos, estudamos, e vivemos, deve ser da melhor qualidade possível, para que assim, possamos ao longo da nossa vida, ter saúde física e mental, proporcionando também, uma sociedade saudável. A defesa do Meio Ambiente, não deve ser apenas de uns poucos abnegados ambientalistas, que às vezes, colocam em jogo suas próprias vidas, mas, de todos os habitantes do planeta, afinal, ele é de todos, e dele, todos desfrutam.
O tema, sempre exige reflexão sobre os nossos atos, enquanto usuários do ambiente terra. Em pequenos gestos, podemos evidenciar se são atos saudáveis ou não, por exemplo, o que você faz com o toco de cigarro, do papel de bala, do picolé, e assim por diante? A visão imediata de defesa do Meio Ambiente, nos faz olhar apenas para as matas, os rios, os animais e o ar que respiramos, contudo, entendemos que, os pequenos gestos citados, contribuem em muito para a degradação de todo o sistema, que sem dúvida, é muito mais abrangente.
Pois bem, será que fizemos alguma coisa para melhorar a situação do nosso Meio Ambiente no espaço de tempo mencionado? Achamos que se alguma coisa foi feita, foi de forma muito tímida. Os caçadores continuam caçando os últimos animais silvestres como Tatús, Juritis, Gambás, Veados, Jacús, Emas e outros, e vendendo livremente para determinados pontos comerciais, que possuem clientes inconscientes quanto ao prejuízo que estão causando à natureza. Continuam também, a tirar dos ninhos os filhotes de Papagaios, Periquitos, Asa Branca, e outros, alimentando desta forma, o tráfico ilegal de animais que compõem a nossa Fauna, e que, apesar do esforço dos órgãos de fiscalização, nada os segura. Falta-lhes consciência do prejuízo ambiental.
A nossa Flora continua sofrendo com a derrubada de árvores, protegidas por lei federal, a exemplo da Baraúna, Aroeira, Umburana, Angico, e outras, que servem de estacas e mourões para a construção de cerca de arame farpado. No ritmo acelerado em que é desmatada a nossa caatinga, em breve teremos um já anunciado deserto, o que, não é nada bom.
E os nossos rios? Bem, vamos falar apenas do nosso rio São Francisco que continua sendo desrespeitado, visto que, as ações de governo que estão para serem implementadas no sentido da sua revitalização não saíram do papel, muito embora, fala-se que já foram gastos R$ 100 milhões de reais. Continuam as suas margens sendo desmatadas ao invés do reflorestamento da mata ciliar, e com isto, o assoreamento é um fato inevitável, os esgotos de todas as cidades ribeirinhas,- principalmente Juazeiro e Petrolina - continuam caindo livremente em suas águas, e para completar a agressão, como ainda não chegamos totalmente à agricultura orgânica, tome-lhe agrotóxico. A propósito, cabe neste momento registrar o pessimismo coerente de muitos técnicos e estudiosos do assunto que o nosso Velho Chico como demonstrado neste último período de seca, já está morto.
Morreu por antecipação, já que a previsão era para 2060 se providências não fossem tomadas, e elas não foram. Está sobrevivendo do período de chuva e da água acumulada nas barragens. Segundo o Programa Globo Rural que já fez várias reportagens pelo citado rio, 27 afluentes deixaram de existir pelo mais diversos motivos. O fim das Veredas, através das queimadas e pastoreio do gado, é o motivo real pelo quais morreram os afluentes. A pífia produção de pescado em relação a outros tempos, tem origem no entupimento das lagoas marginais, que representavam o berçário de alevinos que posteriormente cresciam e ganhavam o rio.
Aliado a tudo isso, tivemos o aumento da área cultivada em toda a bacia, carreamento de detritos sólidos, acentuando com isso o assoreamento, e aumento da população consumidora de água para uso doméstico e agricultura. Aliás, neste item, alguma coisa foi feita para melhorar o uso racional da água. Aqui no médio São Francisco, a irrigação por sulcos – altamente desperdiçadora de água - está dando lugar ao gotejamento e micro aspersão, como exemplo o Projeto Maniçoba. Resta agora que o Governo através de seus órgãos reguladores, intervenha no desperdício que ocorre no alto São Francisco onde são usados Pivôs Central para irrigação. Em imagens de satélite pudemos comprovar a existência de mais ou menos 200 equipamentos entre a Barragem de Três Marias e a divisa BA/MG.
E imperativo que o tema Meio Ambiente, seja algo que deve através de uma conscientização de todas as pessoas, ser tratado sempre, nas escolas, reuniões comunitárias, e até em bate papos informais, visto que, é nele que estão todas as condições, para que atinjamos uma boa qualidade de vida, que queremos e merecemos enquanto seres vivos. Não podemos ser radicais, precisamos simplesmente ter equilíbrio e manejo sustentável, quanto ao uso dos recursos naturais.
Vale salientar neste processo de conscientização, a irresponsabilidade Ambiental de milhares de Prefeitos por este Brasil afora. Muitos não estão nem um pouco preocupados com isto, ou não estão capacitados, e a prova é que nem pensam em criar o Conselho Municipal de Meio Ambiente e tão pouco seguir a Agenda 21, instrumentos muito necessários a todo este processo. Nesse momento, torna-se necessário à cobrança firme por parte da sociedade civil organizada, que deverá mostrar nas próximas eleições, como se tira do poder, administrador sem compromisso com esta, e outras obrigações.
Para finalizar, vamos refletir sobre a pergunta inicial. Meio Ambiente. O que fizemos por ele nos últimos 13 últimos anos? De nossa parte achamos que muito pouco. E você?
Manoel Delmir Pereira dos Santos - É estudante do 8º período de Engenharia Agronômica da UNEB.
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