ARTIGO: OS QUE TEMEM A LIBERDADE DETESTAM A DEMOCRACIA. UMA QUESTÃO DE ESCLARECIMENTO.

Por Gilberto Santana

O povo não deve TEMER os golpistas, mas, os golpistas devem TEMER o povo. Isso mesmo! A consciência de classe e a consciência de si para consigo (Marx) fará a ficha cair... E a realidade será revelada na rua. Vamos ocupar a rua. Contra este golpismo, contra este governo ilegítimo. Não os reconhecemos, a saída é com o povo e pela esquerda. É nas ruas que escrevemos a história, nas ruas derrotamos a ditadura militar, nas ruas derrotaremos o golpe parlamentar-jurídico-midiático que busca levar ao poder um projeto que jamais seria aprovado nas urnas.

Necessário se faz uma campanha em prol do esclarecimento, da educação popular, do desenvolvimento do senso crítico apoiado no autoconhecimento. Para Kant, é preciso esforço para pensar por conta própria, ou seja, ser livre. Pois, para o entendimento nada mais se exige senão liberdade. Por isso se o homem não é livre, não pode ser autônomo e independente. Por essa razão, os que temem a liberdade detestam a democracia. Segundo Kant, o homem é um ser moral, daí que deve ser responsável e, portanto, livre. Em nosso contexto, os que amam a liberdade, que dedicam suas vidas às grandes causas da justiça e igualdade precisam combater o golpe. Esclarecidos e livres não devem Temer jamais!

Michel Temer é um presidente sem votos, sua primeira dama é uma advogada sem OAB, seu ministério foi recrutado na lava jato, seu clube do bolinha é misógino, racista e homofóbico.

Cadê o Brasil que os coxinhas queriam de volta quando gritavam: “devolva meu país”? Há um silêncio nas redes sociais e nas ruas, antes ocupada contra a corrupção. Os combatentes moralistas estão calados, quietos, esse silêncio diante do descalabro ético é uma admissão de que os “manifestantes” trabalharam para que outro grupo, muito bem representado na foto do usurpador no Planalto, assumisse para roubar com anuência e aprovação tácita deles. A acomodação os tornam cúmplices e tão ladrões quanto o time de Michel. Basta ver a ficha do líder do MBL, Renan Santos, que deve 5 milhões de reais à Justiça e reponde a mais de sessenta processos.

Cadê as panelas das varandas gourmet?  Cadê a indignação contra a corrupção? Não convocarão manifestações? E aquela estória de derrubar um por um? Não sairão às ruas contra os corruptos porque são corruptos do time deles. Agora tudo que não podia, pode. Tudo que não valia, vale. E de repente... tudo que era ruim ficou bom. Até as revistas mudaram de assunto e o manipulador nacional da Globo apresenta receita de bolo e vende uma ideia que tá tudo certo.

Como denunciado aqui em vários artigos, a luta não era contra a corrupção. Há um fenômeno de fascistização da sociedade, seria preciso gerar uma onda de ódio e manipular esse ódio para destruir o suposto inimigo. O ódio nos retira a razão, uma massa irracional marchará contra quem o seu ódio determine. Alguém disse que “o ódio é um veneno que o sujeito toma pensando que o outro vai morrer...” esse ódio foi personificado em Dilma e, especialmente, em Lula, o “nordestino bêbado”, acusado de fomentar a guerra de classes entre ricos e pobres numa versão que encontrou ressonância entre animais que fantasiaram um mendigo de “petista” para rir dele na Paulista. Ódio que se materializou no fascismo da médica que não atendeu a criança porque a mãe era petista.

Nada alicerçado no ódio pode prosperar. Só o amor tem poder de construção, mas, o verbo amar não foi conjugado nas ruas... O que os moralistas sem moral queriam era o país deles de volta, diziam que o país estava afundando, conseguiram. Apregoavam a recuperação da economia, que na propaganda golpista viria no momento em que Dilma pisasse fora do Planalto, não aconteceu. O dólar sobe, a Bolsa continua no mesmo lugar. E agora? E agora nada. O golpista branco acha que o culpado era o garçom negro do Palácio do Planalto, Jorge Catalão, um “infiltrado” do petismo. Ele já foi sumariamente demitido. Agora a coisa vai dar certo.

O Brasil agora está no rumo certo, só honestos no poder, tudo indica a julgar pelo noticiário, que a corrupção acabou. Na mídia nacional o que vemos atualmente são condicionamentos e manipulação da pessoa humana, principalmente através da televisão que é o meio de comunicação de massa de maior influência em nosso país, sendo até mesmo responsável pelo comportamento de milhões de pessoas ditando de modo indireto o que elas devem fazer pensar e consumir. Deste modo, é preciso assumir o nosso ser livre e responsável, do contrário, estaremos cometendo um autoengano.

Esse autoengano é não fazer uso da razão, ignorar os fatos, como por exemplo achar que estão livrando o país da corrupção com um governo de corruptos e bandidos. Não tomar conhecimento da lista de acusações e processos contra André Moura (PSC), líder do governo golpista de Michel Temer (PMDB) na Câmara dos Deputados, que é extensa. Moura é aliado de Eduardo Cunha (PMDB) e ajudou o deputado afastado em suas tentativas de escapar do processo de cassação no Conselho de Ética. O currículo de Moura no mundo criminal envolve investigações por fraudes em contratações, compra de voto, formação de quadrilha e até homicídio. O líder do governo Temer é homem família: ele, a mãe, a esposa e a irmã tiveram direitos políticos suspensos por fazerem a feira com dinheiro público.

Os que buscam o esclarecimento e a liberdade não devem Temer. Os democratas devem agir contra o golpe e tirar nosso povo da ignorância, isso remete a questão do esclarecimento. Segundo Kant, o esclarecimento é um processo de emancipação intelectual, de superação da ignorância e da preguiça de pensar por conta própria. É a busca de autonomia, de maioridade; é o esforço para sair da menoridade e para isso é necessário ter a ousadia de fazer uso de seu próprio entendimento. Como ele mesmo diz: "ousa, atreve-te, a saber".

 Precisamos superar a manipulação global, a ofensiva de alienação promovida pelos patos da FIESP, a reprodução do discurso dominante e vencer a menoridade. Kant define esclarecimento como sendo à saída do homem de sua menoridade da qual ele próprio é culpado. Já que a inclinação de permanecer no estado de ignorância e de menoridade é maior, então, a coragem é condição necessária para ser livre e pensar por conta própria. Livre da Globo, Veja e correlatas.

Na luta contra o golpe, mais do que nunca é necessário convocar a sociedade: "ousar saber". Principalmente nesta época em que vivemos um regresso do pensamento, da liberdade, da independência, numa sociedade onde não se tem estímulo para pensar, onde a função dos meios de comunicação social é "bombardear" a mente das pessoas com informações inúteis e alienantes, com ocupações desnecessárias, é quase impossível ser alguém esclarecido, alguém com senso crítico e com pensar próprio.

FORA TEMER, FORA GOLPISTAS! OUSAR LUTAR! OUSAR VENCER...