Chapada do Araripe: Procissão dos Sanfoneiros vai celebrar 36 anos de saudades de Luiz Gonzaga

O Crato, Ceará, Luiz Gonzaga visitava sempre que podia e por isso deixou amigos, canções e lembranças. "Eu vou pro Crato, vou matar minha saudade. Ver minha morena, reviver nossa amizade. Cratim de Açucar. Tijolo de buriti". Eternizada na voz Luiz Gonzaga, os versos "Eu vou pro Crato" é uma homenagem à cidade que sempre acolheu o Rei do Baião, que, no dia 02 de agosto, sábado, completa 36 anos de saudades desde que "partiu para o "Sertão da Eternidade".

No dia 30 de agosto, o Cariri se tornará palco de uma das mais vibrantes e emocionantes manifestações culturais do Nordeste brasileiro. A I Procissão dos Sanfoneiros do Cariri vai homenagear Luiz Gonzaga, celebrando os 36 anos de saudades do eterno Reio do Baião. O evento vai reunir sanfoneiros dos 32 municípios que formam o Cariri, entre eles o Juazeiro do Norte do Padre Cícero, Nova Olinda,  Barbalha e Assaré, terra onde nasceu o poeta Patativa.

O evento vai acontecer no Crato, às 9h30 e a Procissão dos Sanfoneiros vai percorrer as principais ruas do centro, os "Caminhos de Luiz Gonzaga no Crato", lugares que o sanfoneiro reverenciava, exemplo Praça Siqueira Campos,  Crato Tênis Clube, Urca e Praça da Sé.

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A Procissão dos Sanfoneiros foi definida durante reunião dos membros da Colônia Gonzaguiana do Cariri.

Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, é uma das figuras mais importantes da música brasileira, responsável por popularizar o forró e outras tradições musicais do Nordeste. Seus 36 anos de falecimento serão lembrados com muita música e emoção.

Reginaldo Silva, memorialista e produtor cultural que trabalhou com Luiz Gonzaga explica que a Procissão dos Sanfoneiros será mais uma das mais ricas e emocionantes homenagens ao Sanfoneiro do Povo de Deus, Luiz Gonzaga, um momento de união, música e reconhecimento da arte gonzaguiana.

O historiador, Huberto Cabral, Doutor Honoris Causa da Universidade Regional do Cariri, considerado uma ‘enciclopédia viva’ da história regional, ressaltou a paixão que Luiz Gonzaga tinha pelo Crato. "Uma justa homenagem. Luiz Gonzaga é exemplo de identidade cultural e merece todas as homenagens pelo cidadão brasileiro e que também recebeu título de Cidadão do Crato. Luiz Gonzaga prestou diversos serviços ao Crato", finalizou Humberto Cabral.

O jornalista Ney Vital. Colaborador da REDEGN, durante entrevista ao Programa da FM 202.1, Rádio Educadora, o Nordestão Sertanejo, ressaltou que no mundo globalizado, toda e em especial atração cultural e turística que tem os baiõoes, a sanfona de Luiz Gonzaga é fator de geração de renda e emprego.

"Na arte os gênios, os mestres qual Luiz Gonzaga,Jackson do Pandeiro e Dominguinhos são os que revolucionam e por isso a Procissão dos Sanfoneiros do Cariri será um marco na história da regiao Nordeste", cita Ney Vital.

LUIZ GONZAGA E O CRATO-JUAZEIRO: Nascido em Exu, Luiz Gonzaga era apaixonado pelo Crato e Juazeiro. Huberto Cabral cita que era comum Luiz Gonzaga visitar o Município, principalmente no período da construção do Parque Aza Branca, em Exu, inaugurado em 1989, após a sua morte. 

A relação com o Crato, porém, começou bem antes. Na infância, Luiz e seu irmão, Zé Gonzaga, acompanhavam o pai, Januário, na feira da cidade, onde vendiam corda. Após sucesso na região Sudeste, na década de 1940, Gonzaga, já adulto, retornou ao Município para fazer seu primeiro show em solo cearense, no Cine Cassino Sul Americano, no dia 10 de julho de 1946. Com plateia lotada, o Rei do Baião cantou e puxou a sanfona com alguns de seus sucessos, como "Vira e Mexe" e "Baião" e "No meu pé de serra".

Luiz Gonzaga animava os leilões da festa de São Francisco. Ele ajudou a arrecadar muito dinheiro para a construção do Hospital São Francisco e da Igreja de São Francisco.

"Ele obrigatoriamente transitava pelo Crato quando ia para Exu. Em 1951, inaugurou a Rádio Araripe, junto com Januário e Zé Gonzaga. O mesmo aconteceu em 1959, quando inaugurou a Rádio Educadora do Cariri. Antes disso, realizou o primeiro Show da Exposição do Crato no Parque Pedro Felício. Ele foi um grande benfeitor da Expocrato. Todo ano ele vinha", lembra o radialista Huberto Cabral.

Além da exposição, Luiz Gonzaga realizou shows na Praça da Sé, no Crato Tênis Clube e na AABB. O título de Cidadão do Crato,  ele recebeu em 1964, e a medalha Bárbara de Alencar.

Sempre que ia ao Crato, Luiz Gonzaga se hospedava na casa do amigo Manoelito Parente. A ligação começou desde os tempos de menino, no Exu, quando trabalhou na Fazenda Manoçoba, apanhando algodão. O dono da plantação era o pai de Hilda Parente, esposa de Manoelito. Depois que retornou, já consagrado "Rei do Baião", o cantor retomou o contato e começou a amizade com a família. "Quando vinha pra cá, ele começou a se arranchar lá em casa", conta Hildelito Parente, músico e filho do casal Hilda e Manoelito

"Meu pai falou com ele quando a Igreja de São Francisco estava em construção. Eles queriam que ele fizesse uma participação para tirar uma graninha para a igreja. Quando meu pai soube que ele era de Exu, e minha mãe também era de lá, ele fez o contato. Eles recordaram a amizade de jovens. Aí a amizade ficou mais aproximada", completa.

Hildeleito Parante teve duas músicas gravadas por Luiz Gonzaga "Sou do Banco", e "Bandinha de Fé".

Recentemente, Luiz Gonzaga ainda inspira muitas pessoas, como o menino Pedro Lucas Feitosa, que aos 12 anos, criou o Museu Luiz Gonzaga, no distrito de Dom Quintino, no município de Crato.

O gosto pelo artista começou aos cinco anos, quando ouviu "Asa Branca" na festa junina da escola. "Eu voltei pra casa cantando essa música e minha tia ouviu. Eu errava a letra, ela completava. Aí, ela me deu um CD e MP3 e aprendi mais músicas. Era ouvindo todo dia", conta o estudante.

Em 2013, visitou o Parque Aza Branca, em Exu, e se inspirou no Museu de Luiz Gonzaga e criou seu próprio museu aos oito anos. "Como aqui no Dom Quintino não tinha nenhum ponto turístico, tornei a casa antiga da minha bisavó o museu", explica. Lá, ele reúne objetos antigos, como rádio, ferramentas, máquina de escrever, além, claro, de fotos, cartaz, jornais, folhetos, discos, CDs do "Velho Lua". Tudo doado a partir da divulgação no rádio e TV.

"É Luiz Gonzaga sempre modernidade", finaliza Pedro.

Em 2024 O pesquisador e escritor Rafael Lima, lançou a segunda edição do livro "O Rei do Baião e a Princesa do Cariri. O evento aconteceu no Parque de Exposições do Crato Ceará, Palco Mestre Eloi.

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