Hipertensão na gravidez é a maior causa de morte materna na Bahia

A morte da filha da cantora carioca Lexa chamou atenção para um grave problema que afeta muitas gestantes no país: a pré-eclâmpsia. Na semana passada, Lexa publicou um texto emocionante em suas redes sociais, dizendo que Sofia havia morrido, no último dia 5, três dias após o nascimento. Com um quadro precoce da doença, a artista ficou internada por 17 dias e teve o parto realizado com apenas 25 semanas de gestação.

Caracterizada pelo aumento da pressão arterial durante a gravidez, a pré-eclâmpsia pode evoluir com ou sem maiores complicações, como explica o obstetra e professor da Faculdade de Medicina da Ufba, Carlos Menezes. No caso da cantora, como ela própria detalhou, a situação se agravou para a síndrome de Hellp, quando há destruição dos glóbulos vermelhos do sangue e comprometimento do fígado, com grande risco para a mamãe e para o bebê.

“A hipertensão na gravidez é responsável por 10% a 15% dos casos de morte materna no mundo e é a principal causa da morte materna na Bahia”, informa o médico, acrescentando que o problema é maior entre mulheres negras, mais afetadas com a hipertensão. Dados preliminares de 2024 da Secretaria Estadual de Saúde (Sesab) registraram 89 óbitos maternos no estado, sendo oito por eclâmpsia e sete por hipertensão gestacional. A morte materna é aquela que ocorre durante a gravidez ou no período de 42 dias após o parto.

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Decisões rápidas-Vale destacar que em 2020 e 2021, durante a pandemia da Covid-19, houve um aumento significativo no número de mortes, respectivamente 148 e 200 mulheres. O grande número de casos naqueles dois anos podem estar associados a um pré-natal sem os cuidados necessários, uma vez que a atenção à saúde ficou comprometida durante a emergência sanitária. “A pré-eclâmpsia exige um grau de vigilância muito grande, pois se ela se agravar, e acontecer o deslocamento da placenta, por exemplo, a gravidez tem de ser interrompida em minutos e precisamos ter uma condição de segurança para fazer isso”, pontua o obstetra Carlos Menezes.

Segundo o especialista, que atua na Maternidade Climério de Oliveira, uma boa avaliação desde o começo da gestação e o controle da pré-eclâmpsia vai determinar se a gestante segue sendo acompanhada ambulatorialmente, com consultas semanais, ou se precisa ser internada, para ser observada de perto e, nos casos graves, tentar chegar até 34 semanas, para a realização do parto.

A TARDE Foto Agencia Brasil