Enquanto se pensa em desenvolvimento e não em bem viver, o lucro estará sempre à frente da razão e a natureza será apenas um recurso a ser explorado pelo capital.
Se não se respeita os limites da natureza, porquê razão ela respeitará aqueles que tentam destrui-la e ocupar o seu lugar?
Permitem o aterramento das lagoas, descanso natural das águas no período chuvoso e pós-chuva, a resposta será inundação, desabrigados, tragédia.
Permitem construir a margem dos canais e riachos, pois só se pensa no momento e não a longo prazo, a resposta, todas as vezes que chove, a comemoração com o que é óbvio, a inundação, o desabrigo, o sofrimento dos mais pobres, pois são esses os que não tendo espaços dignos ocupam os impróprios.
Permitem a diminuição dos cursos dos riachos para se ter mais espaço para especulação imobiliária, a resposta, sofrimento e dor.
Sabe quem é o responsável por isso? Não é a natureza, mas o poderes públicos, que pela sua inoperância, negligência, facilidades em não se cumprir as leis ambientais, trocas de interesses permite que seja construída a tragédia previsível.
Olhe que Juazeiro não sofreu nenhum derrame de águas como recentemente aconteceu no Rio Grande do Sul, e longe de nós que um dia a a natureza nos cobre o seu lugar, numa cidade que é cruzada por rios e riachos que se tornaram esgotos, que foram abreviados para dar lugar a loteamentos e ou bairros que surgem e são legalizados em espaços abaixo do mesmo nível dos riachos diminuídos o seu curso.
Que a natureza não cobre e não cobre dos já cobrados eternamente, os mais pobres, pela negligência dos poderes públicos.
Edmerson dos Santos Reis - Pedagogo com Habilitação em Educação de Adultos pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Juazeiro (1995), Mestrado em Educação - Université du Quebéc a Chicoutimi (2003) e Doutorado em Educação pela Universidade Federal da Bahia (2009). Atualmente é Professor Titular do Departamento de Ciências Humanas - DCH-III/Universidade do Estado da Bahia,- UNEB.
3 comentários
30 de Jan / 2025 às 15h46
O texto reproduz o que nós vemos todos os anos em épocas de chuva. Até quando vamos continuar assistir o mesmo filme?
30 de Jan / 2025 às 17h00
Concordo! A tragédia ambiental é fruto direto das ações humanas. Mas as sociedades, principalmente as mais pobres, precisam de desenvolvimento. Para haver qualidade de vida, bem estar, as cidades necessitam ser "desenvolvidas". O desenvolvimento está ligado ao acesso à infraestrutura de qualidade, entre outras, e é inclusive, a forma que encontramos de conviver com a natureza. Não podemos confundir o desenvolvimento que precisamos, ou que sonhamos, com o crescimento populacional simples, desenfreado e sem planejamento; com crescimento econômico (esse sim, filho do lucro exacerbado e da ganânci
30 de Jan / 2025 às 18h46
Verdade. A própria cidade é organizada em uma lógica de mercado, onde quem tem um poder aquisitivo morar nos melhores locais quem não tem ocupa espaço que não interessa ao mercado e ao Estado. Os resto