Artigo: os sertões e a sabedoria do pássaro João de Barro em tempos de chuvas

Amigas e amigos, nunca mais escrevi um texto, vou ver se sai um hoje, tenho que retomar essa atividade. É que tenho andado muito envolvido com a fazenda e, principalmente agora que choveu, aumenta a atividade com plantação de milho, abóbora, moringa, capim etc etc. E eu gosto de botar a mão na massa mesmo.

Bem, mas vamos ao texto, que na verdade eu nem sei como nominar esse assunto, poderia ser sabedoria da natureza, crendice popular, curiosidades do sertão, sei lá, eu vou chamar simplesmente de coisas do sertão. 

O caso é o seguinte: desde que eu habito essas bandas de cá do sertão, e lá se vão mais de 40 anos, eu nunca vi a chuva vir do norte, sempre vinha do nascente, ou seja do leste. Eu sei que houve anos, e foram poucos, os quais eu não morava aqui,  que a chuva veio do norte, soube porque meu vaqueiro me dizia: olha a chuva esse ano veio do norte. 

Bem, no começo de dezembro, quando não tinha nenhuma previsão de chuva para janeiro ainda, o pássaro João de Barro construiu uma casa (ninho) num pé de flamboyant aqui do lado de casa. Aí eu comentei com Eronide, um colaborador que trabalha comigo já tem uns vinte anos; rapaz o João de Barro tá manso, se sentindo seguro, fez um ninho lá do lado de casa. E ele me perguntou, a abertura da casa tá pra que lado? E eu respondi tá pro nascente e ele me disse, então esse ano a chuva vai vir do norte, pois o João de Barro não faz a porta da casa pro lado que vem a chuva.

Pois bem, 40 dias depois disso começou a chover, já deram 8 chuvas totalizando 155mm e todas vieram do norte. João de Barro sabido da peste! Durma com um barulho desses.

Luiz do Humaytá é cantor, compositor, poeta e empresário

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